Giulia Gam sobre Pedro Bial: "Minha relação com ele é bizarra"

03/09/2010 18:29

Atriz contou que está vivendo paixão "avassaladora" e falou sobre a relação conturbada com o ex-marido

Giulia Gam, 43 anos, vai e volta no tempo, fala sem parar e pontua as frases com uma deliciosa gargalhada, que enche a pequena sala do flat em Ipanema, Zona Sul do Rio, em que está hospedada com o filho, Theo, 12, enquanto o apartamento em que moram, no Leblon, está em obras. O momento é de alegria e volta por cima, ela explica. Há cerca de um ano, a atriz vive uma paixão avassaladora com um “moreno misterioso” de 49 anos e se recompõe depois de perder a mãe, a psicóloga Ana Deise Gam, para um câncer na cabeça em 2007. Giulia dedicou-se a seus cuidados por dois anos e meio. No ar como Bruna, em Ti-ti-ti, sua 12ª novela desde que estreou na primeira fase de Mandala, em 1987, ela concedeu uma longa entrevista a QUEM. Contou que a chegada da adolescência de Theo, seu filho com Pedro Bial, 52 anos, com quem se relacionou entre 1996 e 1999, a assustou, mas também foi um alívio, pois a maturidade do filho lhe tirou o peso de lidar sozinha com a relação conturbada que tem com o ex-marido. No final de 2000, ela estava morando em Nova York com Theo e o jornalista requereu na Justiça a guarda do menino, alegando que Giulia não teria condições psicológicas de cuidar dele, então com 3 anos. Bial conseguiu a guarda provisória do filho, com quem ficou por dois anos.

QUEM: Como achou o tom da Bruna?
GIULIA GAM: Quando fui chamada, topei no ato. Estava a fim de fazer comédia. Quando li o texto, perguntei: o que é isso? Vou começar a novela na cadeira de rodas, careca, com um soro de quimioterapia, recebendo a notícia de que meu filho morreu num acidente de carro (gargalha)? O pulo do gato foi a Marília Carneiro (figurinista) fazê-la como Grace Kelly, com leveza, como num filme dos anos 40. Fiquei preocupada com o fato de ser escolhida sempre para o drama – até numa comédia dirigida por Jorge Fernando (risos).

QUEM: Bruna era mãe de um homossexual. Como reagiria se Theo contasse que é gay?
GG: Você sabe que ele vai sofrer preconceito, chacota, vai ser discriminado. Se você perguntar se eu gostaria que meu filho fosse gay, seria hipocrisia dizer que sim.


QUEM: Planeja ter outros filhos?
GG: Claro que queria ter tido mais filhos, mas acabou não acontecendo. Estou naquela beirada de poder ter, mas não sei.

QUEM: Como está lidando com a adolescência de Theo?
GG: É como se saísse a coisa da criança, do bebê, do cheirinho. Você já é um mico, ele não quer que busque na escola. Dá medo, mas tem que entregar.
 

QUEM: Bateu medo do ninho vazio?
GG: Minha antena já bateu (risos). Por um lado, abre um espaço, você volta a trabalhar sem tanta preocupação, voltei às aulas de pilates, a viajar e rever as pessoas de que gosto. Além de cuidar do Theo, teve um processo muito bonito que foi cuidar da minha mãe.

QUEM: Como foi?
GG: Ela teve um câncer violento, um tumor na cabeça num momento superfeliz da vida, morava em Nova York e estava namorando aos 68 anos. Eu a encontrei felicíssima, em março de 2005, e, em setembro, recebo um telefonema do meu tio dizendo que tínhamos que ir para lá.

QUEM: Qual foi sua reação?
GG: Pensei: não acredito. Quando vai ficar tudo em paz? Mas sobe uma adrenalina louca e você tem que resolver. Lido melhor com situações-limite. Fui com meu tio para Nova York, ela operou lá e veio para São Paulo. Eu ficava entre o fim desse ciclo e uma criança para quem eu tinha que passar segurança. Ela morreu em 2007, teve uma força espiritual tamanha que o tumor nem cresceu. Os efeitos colaterais dos remédios que tomava para que o tumor não crescesse a fragilizaram e a morte foi de pneumonia. Não convivia com ela havia muito tempo, pois estava morando em Nova York fazia dez anos. Foi para lá depois da morte súbita do meu pai (o artista plástico José Carlos Gam), em 1994. Não fizemos a biópsia dele, mas acho que foi aneurisma cerebral.

QUEM: Que sensação teve ao se dar conta de que estava órfã de pai e mãe?
GG: É como um balão de gás de que cortam o fio e você fica em suspensão. É como se tirassem seu telhado. Achei que alguém poderia segurar minha onda... se eu tivesse irmãos. Mas não faz diferença, mãe é uma questão muito interna. Você tem que trabalhar para segurar sua onda.

QUEM: Você está amando de novo?
GG: Falei que vou manter privacidade de nome e sobrenome. Deixa aí “moreno misterioso” (gargalha). Ele tem 49 anos. Foi uma paixão avassaladora, inebriante e voraz, de você ver o céu cor-de-rosa, os sinos tocando. Já tem mais de um ano. Ele não é do Rio, sempre que dá a gente está junto. Temos intimidade de marido e mulher, física e espiritual, mas não moramos junto e não temos planos de fazê-lo. Já tivemos, já quis ter filho, mas pensei: vamos com calma. É muito bom, principalmente depois de ficar tanto tempo nessa questão de hospital. Nessa virada, pensei: ou vou me apegar aos dramas que aconteceram na minha vida ou vou partir para o segundo tempo, aberta. O fato de meu filho ter 12 anos me alivia, me liberta de uma grande preocupação que tinha do que poderia acontecer com ele devido às histórias do passado. Estou vendo que ele sobreviveu.

QUEM: Como você explicava ao Theo as brigas com Bial?
GG: Não tinha como não explicar. É a história dele. Ele criou um mundo comigo e um mundo com o pai, o qual a gente não divide. Por defesa, ele separa esses universos. É um exercício digno de monge do Tibete não transferir seus ressentimentos, sua dor e sua mágoa para a criança e preservar de alguma maneira a figura do pai. Tentar ser o mais objetivo possível, porque quem vai julgar no futuro é ele próprio.

QUEM: Como é sua relação com Bial hoje?
GG: Minha relação com ele é bizarra (gargalha). Não sei se existe outra igual no mundo. Nós falamos basicamente do Theo, apesar de a gente não compartilhar verdadeiramente a paternidade. Por isso é bizarro. Porque não há essa abertura.

QUEM: Quando vocês se separaram em 1999, você foi morar em Nova York. O que foi buscar?
GG: Fui me proteger do assédio da imprensa, da exposição. Quando se fica frágil, não é um bom momento de falar com a imprensa. É bom falar de um assunto depois que ele passou.


QUEM: Reportagens da época diziam que você sofreu depressão pós-parto. O que aconteceu logo que ele nasceu?
GG: É um ponto negro na minha história. Em relação ao Theo e à gravidez, não, pelo contrário. Estava no sertão, fazendo filme. Eu nem sabia que tinha que fazer pré-natal. Cheguei aqui com três meses e o médico falou: “Como assim?!” Eu estava totalmente sertaneja (risos). A questão não foi nem a maternidade em si. Naquele momento, naquelas circunstâncias, outras coisas em volta que aconteceram. A gente acha que um filho pode estruturar uma relação, vai consumar o amor. Busquei o Pedro porque ele me passava a ideia de família. Com 28 anos, a mulher não tem um relógio biológico, tem um alarme (risos). A mulher quer ter filho. Eu tinha um relacionamento, um dos mais fortes da minha vida, com o Otávio (Frias Filho, diretor da Folha de S.Paulo), de cinco anos. Mas não via perspectiva de ter filhos. Logo em seguida eu reconheci o Pedro, digamos assim.

QUEM: Mas você teve os sintomas da depressão pós-parto?
GG: Eu sentia muita ansiedade exatamente pela separação, a preocupação de ser responsável por uma criança. Theo estava do meu lado desde o começo, não o deixei ficar nem no berçário, cortei o umbigo, cuidei. Quando ele chorava me dava aflição, o que é normal, porque você não sabe acalmar. Eu tinha mais medo de uma maneira geral. Quando a gente achou melhor se separar porque era mais saudável, de repente todo aquele sonho da família, do filhinho acabou. Pensei: nossa, como vou ser atriz e cuidar de um filhinho? Onde vou me estabelecer e morar?

QUEM: Na disputa pela guarda, Bial teria alegado que você não tinha capacidade psicológica de cuidar de Theo. O que o levou a pensar isso?
GG: Eu nunca perdi a guarda de meu filho. Provisoriamente, Theo ficou com ele. Mas, exatamente por não ter havido negligência ao cuidar de meu filho, a guarda oficialmente ficou minha. Aí, entra numa questão de processo, de acusações. Não sei os motivos reais de ele ter agido assim. Quando a pessoa quer alguma coisa, usa das armas de que dispõe. Eu é que não usei as minhas armas.

QUEM: O que azedou a relação, afinal?
GG: Posso dizer que a história é muito pior do que você possa imaginar, por isso não vou falar. Eu e Pedro nunca conversamos sobre isso.

QUEM: Você não tem vontade de botar tudo em pratos limpos hoje?
GG: Eu tive muita, mas ele sempre resistiu. Se um não quer, dois não conversam.

Fonte:  Revista QUEM

Arquivo Pessoal: Bia*

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