Giulia Gam - Descanso, viagens e planos de ter filhos
O rosto bonito, de traços largos e juvenis, se ilumina com um amplo sorriso. Giulia Gam (28) está feliz e não faz questão de disfarçar. Mais bonita, descontraída e segura do seu enorme talento, ela decidiu decretar “estado de férias” e proporcionar a si mesma um tempo livre para viajar, se reciclar e fazer um balanço de sua vida, até então totalmente voltada à carreira. A atriz global, que estreou fazendo uma inesquecível Julieta sob a direção do rigoroso diretor de teatro Antunes Filho (65), está descansando do corre-corre da televisão e do teatro, que no ano passado transformou sua vida em uma maratona.
A pausa merecida acontece em um momento muito especial de sua vida: a descoberta da maturidade, que chega de mansinho, revelando prazeres, anseios e desejos inéditos. Namorada do jornalista Otavio Frias Filho (35), diretor de redação do Jornal Folha de S. Paulo, com quem compartilha, entre outras coisas, o amor pelo teatro – Otavio Frias é o autor da peça Don Juan, a última encenada por Ney Latorraca (50) e Fernanda Torres (28) –, a paulistana Giulia é uma verdadeira locomotiva cultural. Ela participa dos principais eventos culturais, lançamentos literários, estréias de teatro e cinema e vernissages que acontecem no eixo São Paulo-Rio-Nova York. Isso sem falar nas eruditas reuniões com os poetas e irmãos Haroldo e Augusto de Campos. Agora, nessa fase de saudável ócio, a atriz está descobrindo novos gostos em coisas simples, como cuidar de si mesma, de sua casa e do seu amor. E, pasmem, Giulia está aprendendo a pilotar um fogão e começa a pensar em casar e ter filhos.
- Você anda sumida, seus fãs já estão ficando preocupados...
- De fato, eu ando sumida mesmo. Mas ninguém precisa ficar preocupado porque não pretendo jamais parar de trabalhar. No momento, só quero descansar e dar um tempo. O ano passado foi uma loucura, fiz novela e teatro simultaneamente e quase morri de tanto trabalhar. Além disso, perdi meu pai e o desgaste emocional somado ao excesso de trabalho se tornou insuportável. Para me recuperar, fiz uma longa viagem, que começou no Amazonas e acabou no Egito. Foi maravilhoso. Fiquei realmente impressionada com a beleza e a história daquele país.
- Quando você não está viajando, qual é a sua rotina?
- Depois que voltei de viagem, decidi sossegar um pouco, descansar. Estou me dedicando às aulas de jazz na academia Steps e nadando na Aquaticus, em São Paulo, que não tem esse negócio de modismo e badalação. Os professores são ótimos e as aulas, incríveis. Tenho muita disciplina no esporte, porque pratiquei esgrima muitos anos. Comecei a competir ainda criança e desenvolvi o gosto e a garra pelo treino. Sou avessa a modismos e não vejo o esporte como um instrumento para deixar o meu corpo mais bonito. Além de fazer ginástica, tenho ficado muito em casa e estou até aprendendo a cozinhar. Qualquer pessoa que queira me ensinar a fazer uma receita nova é bem-vinda. Estou adorando a mistura dos ingredientes e as descobertas possíveis de se fazer em uma cozinha. Sempre adorei festas e badalações, mas no momento não tenho vontade de ficar saindo. Nem, tampouco, disposição para trabalhar doze horas por dia.
- Essa fase caseira tem a ver com o seu namoro com o diretor de redação da Folha de S. Paulo, Otavio Frias Filho?
- É verdade. Hoje eu quero casar e ter filhos, coisas que não passavam pela minha cabeça antes. Desde os 16 anos, quando estreei no teatro, minha vida tem sido dirigida à carreira e aos estudos, porque, como toda capricorniana, sou perfeccionista. Conheci o Otavio por meio da minha grande amiga, a atriz Bete Coelho (32), casada com o irmã dele. Nós fomos apresentados num aniversário na casa dele e o nosso relacionamento nasceu de um interesse profissional comum. Ele me mostrou o texto de sua peça Rancor e eu fiquei muito impressionada com o seu talento de dramaturgo. Na época, não pude participar da peça porque tinha assumido outros compromissos. Fomos nos descobrindo e começamos a namorar. Estamos juntos a dois anos e oito meses e acho que está chegando a hora de a gente oficializar a união. Sempre coloquei minha carreira em primeiro lugar, mas agora começo a questionar isso.
- O trabalho nunca atrapalhou o relacionamento de vocês?
- Não de maneira aflitiva – afinal, tudo depende das circunstâncias e do momento que estamos vivendo. Uma vez estávamos de férias em São Francisco, nos Estados Unidos, quando o diretor Guel Arraes (41) me chamou para fazer um especial, O Alienista, com o Marco Nanini (50). Eu não podia nem queria recusar, pois sempre quis trabalhar com eles. Naquela ocasião, o Otavio me incentivou a voltar e pegar o trabalho. Hoje, no entanto, revi uma série de opiniões e começo a pensar que existem outras coisas maravilhosas na vida, além do trabalho.
- Você não tem recebido convites para voltar a atuar?
- Recebi ótimas propostas de trabalho e inclusive fiz um trabalho maravilhoso com Guel Arraes, com quem gravei uma série chamada Casadas x Solteiras, para a Terça Nobre, da Globo. Fiz também o filme O Mandarim, no Rio de Janeiro. Além disso, recebi um convite do SBT para trabalhar em seu núcleo de novelas, um projeto pelo qual tenho especial interesse já que moro em São Paulo e seria um jeito de me livrar da ponte aérea. Conversei com o diretor do núcleo de telenovelas da emissora, o Nilton Travesso (60), e pedi um tempo para dizer sim. No futuro eu aceitarei o convite com o maior prazer.
- Você não se importaria de deixar a Rede Globo?
- Eu não sou contratada da Globo. Isso me dá uma maior liberdade na escolha dos papéis que represento. Tenho uma excelente relação com a emissora e agradeço as ótimas oportunidades que ela já me deu. Não acho que se aceitar o convite do SBT estarei deixando a Globo para sempre. Como atriz, estou sempre disposta a aceitar bons trabalhos, independente do lugar de onde tenha vindo o convite.
- Você se dedicou muitos anos ao estudo de flauta e música lírica. Nunca pensou em ser música, cantora ou se dedicar a outra profissão?
- Já cheguei a considerar a possibilidade de estudar medicina, depois que terminei as gravações de O Primo Basílio, há cinco anos. Com a ajuda de mamãe, que é psicóloga, fiquei quinze dias num hospital assistindo a partos, operações e vi que não tinha nada a ver com aquilo. Nunca sei o que quero, mas o que não quero. Eu sempre quis cantar, mas sou muito tímida. Falar no palco já é difícil, imagine cantar. Mas continuo apaixonada pela música. Estudo vozes, música lírica e um dia talvez arrisque a cantar em público numa peça.
- Além das aulas de jazz, natação e vozes, o que você mais gosta de fazer?
- Gosto de jantar fora, adoro a cozinha francesa e a japonesa. Em São Paulo, vou muito ao restaurante francês Roanne. Além de comer, adoro ir ao cinema e ao teatro. Mas o meu maior prazer é mesmo viajar. Meus pais sempre viajaram bastante, nasci na Itália por acaso, e desde criança desenvolvi um interesse grande por outras culturas. Se alguém perguntar o que quero fazer quando não tenho compromissos profissionais, a resposta é uma só: viajar, viajar, viajar...
Fonte: Revista Caras
Arquivo: Bia*