Giulia Gam será fria e calculista em 'Boogie Oogie'

02/08/2014 23:56

Atriz abre o verbo e fala de amor, fidelidade, casamento, vingança e carreira

Rio - Mulher traída tem filha trocada na maternidade pela ex-amante do marido. Parece manchete de página policial, mas é ficção. A vítima: Carlota, personagem que Giulia Gam defenderá a partir de amanhã na nova trama das 18h da Globo, ‘Boogie Oogie’, de Rui Vilhena, com direção de Ricardo Waddington.

Motivada por ciúmes, Susana (Alessandra Negrini) troca Sandra (Isis Valverde) por Vitória (Bianca Bin) na maternidade assim que é dispensada por Fernando (Marco Ricca), quando ele descobre que a mulher legítima, Carlota, está grávida. “É de uma crueldade... Imagina você criar um filho com todo amor e, de repente, descobre que ele não é seu? É bem aquela história: se não vou ser feliz, você também não vai. Deve ser brutal, terrível”, opina Giulia, mãe de Theo, de 16 anos, da relação com o jornalista Pedro Bial.

Duplamente traída pelo marido, que também mantém um caso com a secretária Gilda (Letícia Spiller), a atriz conta, aliviada, que não passou por uma situação parecida na vida real: “Graças a Deus, meus relacionamentos, quando tinham que terminar, terminavam. Nunca tive uma vida dupla, mas sei que é uma dor muito grande”. Perdoar ou não uma traição depende das circunstâncias. “Tudo é tão relativo, mas o que me machuca mesmo é a não lealdade, e não precisa ser num relacionamento amoroso, pode ser no trabalho, na amizade. Cada casal tem um pacto, um limite, e acho que em algumas situações a traição pode até ser perdoada, em outras, não. A quebra de confiança é o mais grave”, pontua.

Para Giulia, a época em que a novela se passa, 1978, tem a ver com a submissão: “A mulher separada era marginalizada. Os homens traíam, e elas faziam vista grossa para manter a família. Ela tinha que cuidar da casa, do marido, tinha que estar arrumada, era uma trabalheira danada. Hoje, ninguém é obrigado a ficar com ninguém sem querer. A mulher tem independência financeira e a possibilidade de ter relacionamentos mais sinceros”, compara a atriz.

Se agora ela é vítima de uma ciumenta obsessiva, há 10 anos Giulia interpretava Heloísa, de ‘Mulheres Apaixonadas’, que precisou recorrer ao grupo de auxílio Mada (Mulheres que Amam Demais Anônimas) para tratar sua compulsão. “Sou a favor das relações saudáveis e não tenho nenhuma atração por essa tensão que causa prazer, esse relacionamento doentio. O desejo sexual vem daí, eles brigam e depois fazem as pazes. Quando o amor deixa de ser algo complementar, com uma história, uma verdade, e vira paranoia, não dá. Não tenho energia para isso”, frisa a atriz, que até hoje é elogiada por sua atuação como a neurótica.

“É uma das minhas personagens mais lembradas e comentadas. Fico muito feliz, porque o assunto, que era discriminado, passou a ser visto como uma patologia. Num primeiro momento, as pessoas ficavam com raiva de vê-la destruindo uma relação, mas depois perceberam que ela sofria. É uma doença da alma. Hoje, tudo virou transtorno bipolar, ficou banalizado.

Quando eu vi a Susana, lembrei logo da Heloísa, essa mulher obsessiva que não consegue se libertar do passado. Não sou ciumenta nesse sentido, não a esse ponto. Ciúme para mim é falta de segurança, de amor próprio”, avalia.

Giulia acredita que nem tudo vale a pena por amor: “Sacrifício nunca é bom. A relação tende a se deteriorar, porque você joga a culpa no outro. Se uma loucura de amor for feita dentro do limite, que não te machuque e não te violente, ok. O amor é uma troca.”

Já a vingança é um prato que se come frio, mas Giulia não leva isso ao pé da letra. “Não sou vingativa, só não esqueço o que fazem de ruim comigo. Fico magoada porque sou justa, tenho preocupação com a ética, a amizade, tenho zelo com o meu trabalho. Mentira me tira do sério. Mas quando alguém me fere, não planejo vingança porque não é uma boa energia, não quero ficar com esse carma”, deixa claro.

Para dar vida à loura má, a atriz passou por uma transformação radical nas madeixas: “Esse cabelo louro e comprido dá uma sensação de mulher sexy. Tem chamado atenção”. E não só isso. A boa fase no trabalho tem refletido na vida pessoal. Aos 47 anos, Giulia está namorando Flávio Abreu, de 34, colorista da Globo. “Na verdade, nunca me relacionei com ninguém no Projac exatamente por ficar tanto tempo lá. O Flávio foi uma surpresa. Ele fazia ‘Sangue Bom’ e a gente se encontrou na festa do último capítulo da novela, se entendeu e se reconheceu. Apesar de estarmos no mesmo ambiente de trabalho, a gente se vê pouco porque ele é da área técnica, mas conseguimos sair para jantar... Novela é novela, né? É um momento em que você mergulha e o companheiro tem que ter paciência. Não é um trabalho civil”, justifica.

A diferença de idade nunca foi um problema para ela: “Sempre busquei pessoas que não fossem do meio para me trazer uma vida diferente, um frescor. Hoje, não tenho conceito sobre nada. A gente se encontrou e foi bacana. Não existe regra. Já é tão difícil se relacionar e é tão bom”. Mas em casamento ela não pensa. “Tive um momento na vida de querer ter uma família, só que, hoje, pensar em me casar, em dividir uma casa, é bem diferente. Não tenho mais 20 anos. Imagina começar a vida junto com alguém, sendo que cada um tem suas manias, suas histórias? Pode ser que aconteça, mas agora não é o momento”, deixa claro.

Embalada pelo ritmo da disco music, ‘Boogie Oogie’ trará o clima vintage dos anos 70. “Como eu era criança, não entendia o contexto político dessa época. Lembro do surgimento da discoteca, das pessoas se mostrando, se libertando, do grupo Secos & Molhados, da Rita Lee. Eu curtia John Travolta, aquela sexualidade dos homens na maneira de se vestir, de dançar. Eu queria ser a parceira dele, a Olivia Newton-John. Fora a Sonia Braga em ‘Dancin’ Days’. Eu usava meias coloridas, de lurex, iguais às dela, no colégio. Era um acontecimento. Dancei muito”, relembra Giulia.

Fonte: https://migre.me/kM5VJ