Giulia Gam vive 24 horas de raiva em 'Boogie Oogie'

18/01/2015 09:50

Atriz analisa personagem, fala sobre mudanças ocorridas na novela e relembra como era o dia a dia no fim da década de 70

Rio - É possível odiar todas as pessoas durante todo o tempo? Difícil imaginar o desgaste emocional que esse tipo de postura pode provocar, não? Giulia Gam também tem convivido com essas dúvidas — e isso não ocorre por acaso. Desde que passou a interpretar a personagem Carlota, na trama exibida pela Globo às 18h, ela tem tentado conviver com alguém que conhece apenas um sentimento.

“Eu fico impressionada ao ver como ela sente raiva 24 horas por dia. Nunca conheci uma pessoa assim. É evidente que isso me cobra um preço emocional muito alto. Interpretá-la me desgasta demais, me violenta bastante. Encaro uma dificuldade muito grande neste trabalho em particular, porque não tenho essa agressividade dentro de mim. Encarnar a Carlota não é exatamente agradável — há um ódio enorme nela e acho que uma pessoa assim, que odeia tudo o tempo todo, possivelmente não existe. Não é um processo fácil, mas eu gosto demais de ver o resultado final. Tenho muita curiosidade de descobrir até onde essa mulher é capaz de chegar e o que ela vai fazer”, analisa.

A maneira como a história tem se desenvolvido também surpreende a atriz, sobretudo pela maneira como a novela, inicialmente voltada à análise de relações e desencontros, e também à velha dicotomia entre pobres e ricos, tão comum em folhetins, aos poucos ganhou contornos de mistério e até alguns elementos policialescos.

“Agora todos querem saber quem é o Corvo, esse personagem que tem manipulado os acontecimentos da trama — eu mesma ainda não sei quem ele é. É engraçado ver como novelas, que são obras abertas, mudam no decorrer do tempo. O autor, aos poucos, altera suas ideias iniciais e vai adequando a história às afinidades que surgem entre os personagens e ao que o público mais gosta. É como se houvesse muitas novelas dentro de uma novela”, avalia Giulia.

A velocidade dos acontecimentos em cada episódio é um fator que tem chamado a atenção de quem acompanha a história — há quem diga que ‘Boogie Oogie’ tem uma linguagem muito mais próxima das comédias de situação da TV norte-americana que das usadas tradicionalmente em novelas. Giulia tem se mantido atenta a essa característica narrativa.

“É claro que há uma preocupação com o aspecto psicológico de todos os personagens, mas vejo ‘Boogie Oogie’ como uma novela de ações. Os elementos da trama se movem de maneira veloz e muita coisa acontece em apenas um episódio. É preciso ficar atento para não perder nenhum detalhe.”

Ela diz ter boas lembranças do fim da década de 1970, época na qual a trama de ‘Boogie Oogie’ se desenrola. A memória da atriz retém com detalhes o surgimento da Disco Music, o sucesso de John Travolta por conta do filme ‘Os Embalos de Sábado à Noite’ e de um dos maiores sucessos televisivos daquele período: ‘Dancin’ Days’. “Lembro que tentava imitar os passos de dança da Sônia Braga e que usava algumas roupas parecidas com as dela. Era bem divertido”, recorda.

Giulia garante não saber qual será o rumo a ser tomado por sua personagem a partir de agora, quando a trama, aos poucos, começa a entrar em sua fase mais aguda. “No fim, eu e o público temos algo em comum: só vamos descobrir exatamente quem é a Carlota quando a novela terminar. Até lá, ela vai ser uma descoberta diária, tanto para mim quanto para quem assiste a novela”, observa.

Fonte: https://migre.me/ocUiG