Globo constrói cidade para Fera Ferida

15/11/1993 01:04

Novela que estréia hoje se passa na fictícia Tubiacanga

Com a estréia hoje de “Fera Ferida”, às 20h30, o telespectador verá muito mais que um elenco de atores experientes, que há muito a Rede Globo não reunia numa só novela. Pela primeira vez na história de suas telenovelas, a emissora montou uma cidade completa para servir a todas as locações externas.

“Nem nos Estados Unidos vi algo desse tamanho”, diz o diretor-geral de Cenografia da Globo, Mário Monteiro, 57. Ao todo, são 24 prédios em tamanho real – incluindo um cemitério e uma Câmara de Vereadores –, distribuídos  por 30 mil metros quadrados de área.

A cidade fictícia de Tubiacanga – palco da trama de “Fera Ferida” – foi construída dentro da área de 1 milhão de metros quadrados do Projac (Projeto Jacarepaguá), que funciona há dois anos. O Projac é uma verdadeira cidade de operação onde, ao longo dos anos 90, a Globo pretende centralizar toda a sua produção de novelas, especiais e shows.

Tudo em Tubiacanga parece grandioso. Chegou-se ao requinte de fazer um rio cortando a cidade. Na verdade, trata-se de um lago artificial com 1,7 milhão de litros de água, em que seis bombas hidráulicas ajudam a imitar a correnteza de um rio.

Compara a outras “cidades” de novelas, Tubiacanga é cerca de dez vezes maior. “Normalmente, uma cidade cenográfica de uma novela tem de 3.000 a 5.000 metros quadrados de área”, diz Monteiro. Tubiacanga é maior porque toda a novela vai ser baseada em suas ruas e prédios – com exceção de gravações internas das casas de alguns personagens, que serão feitas em estúdio.

Monteiro explica que, em geral, uma novela é baseada numa cidade real, como São Paulo. Assim, os planos mais gerais são gravados em locações externas reais, enquanto apenas detalhes da cidade ou de um bairro são reproduzidos em cenário – para utilização em gravações com planos fechados.

Além disso, esses cenários costumam ser de tamanho mais reduzido. Em Tubiacanga, no entanto, os imóveis tem tamanho real de uma cidade comum. Apesar da grandiosidade do projeto, a cidade foi montada em 45 dias. O volume do material empregado impressiona: foram utilizados 80 quilômetros de sarrafo, 40 quilômetros de tábua e 4.000 chapas de compensado, entre outros itens.

Monteiro afirma não saber os custos da empreitada. Diz apenas que uma “cidade” comum de uma novela custa em torno de US$ 400 mil. O diretor-geral afirma, porém, que o alto investimento em Tubiacanga será diluído ao longo da novela – pois não haverá gravações em locações externas, o que encarece a produção.

 

Quem é quem

Linda Inês (Giulia Gam) – Linda se opõe aos métodos políticos desonestos de seu pai. Ela tenta retomar a tecelagem da família, vendida para financiar a carreira do prefeito. Orgulhosa, disfarça a paixão que sente por Flamel.

Fonte: Folha de São Paulo