Nasce uma estrela

10/10/1987 13:02

Estrear em televisão interpretando o papel principal da novela das oito na TV Globo parece um sonho inatingível. Não para Giulia Gam, esta meiga paulista de 20 anos. Ela é a Jocasta, da primeira fase de Mandala. Durante 15 capítulos, Giulia vive a personagem que será de Vera Fischer no resto da novela. O biótipo, o rosto anguloso de pele clara e os cabelos pintados de louro sugerem, de longe, alguma semelhança com Vera. O resto, fica por conta de uma primorosa produção onde são indispensáveis as lentes de contato azuis, que escondem os olhos castanhos de Giulia.

De saia de tergal com pregas miúdas e comprimento abaixo dos joelhos, blusa de fustão branco, de mangas compridas, sobre uma comportada suéter de lã verde, cabelos penteados a moda holandezinha e sapatos tipo boneca, Giulia é uma típica jovem do início dos anos 60, período em que Dias Gomes fixou a primeira fase de sua história. Ela garante que se sente muito bem nesta produção da Jocasta e que adoraria ter vivido esta época.

Atriz de teatro há cinco anos, Giulia já se acostumou a privilégios na carreira. A estreia em teatro, por exemplo, foi na Austrália, com o grupo de Antunes Filho que apresentava a peça Macunaíma.

Enquanto grava “Mandala”, Giulia aproveita para curtir o Rio, que conhecia apenas como turista. E dividida entre tantas emoções ela confessa que está vivendo, realmente, um sonho.

O convite para “Mandala”.

- Desde a novela “De quina para a Lua” que diretores da TV Globo me convidam para fazer televisão. Só não fiz antes por falta de tempo. Agora surgiu esta oportunidade quando, coincidentemente, eu estava livre. Foi uma honra aceitar.

A semelhança com Vera Fischer.

- A Vera é lindíssima. Não me acho parecida com ela. Mas me senti muito orgulhosa de terem se lembrado de mim para ser  Jocasta, quando jovem.

A experiência de fazer televisão.

- Acostumada a teatro e a cinema – fiz os filmes “Besame Mucho” e “País dos Tenentes” – a princípio eu me assustei muito com o ritmo e a rapidez na gravação das novelas. Mas com um bom jogo de cintura e muita ajuda acho que tenho me saído bem.

A Jocasta jovem.

- Eu interpreto a Jocasta da época do nascimento de seu filho, Édipo. É uma fase muito tensa, São cenas do parto, do sequestro do filho, tudo com a tumultuada fase política do início dos anos 60 como pano de fundo. Há dias em que saio do estúdio suando, com dor de cabeça, de tanto esforço em cenas tensas. Mas é uma fase muito rica da personagem. As vezes me sinto como se estivesse fazendo um curso sobre a época. Estou aprendendo, por exemplo, como as pessoas tinham muito mais garra, mais força para lutarem por seus ideiais. Aprendo com a própria Jocasta, que é uma grande batalhadora. O Dias Gomes é muito didático ao nos mostrar em seu texto um tempo tão perto de nós, que não conhecemos e aprendemos muito pouco sobre ele.

A vida no Rio de Janeiro.

- Estou vivendo num hotel e, lamentavelmente, tenho muito pouco tempo para aproveitar o Rio. O que mais me encanta nesta cidade é que, apesar de ser menor que São Paulo, concentra muito mais aspectos culturais. Tudo acontece aqui. As emissoras de televisão são mais ativas, as gravadoras estão quase todas instaladas aqui e os espetáculos são muito mais variados. Tenho visto o que posso. Já conhecia o Rio turístico, do carnaval, do Pão-de-Açúcar, das belas praias e do Corcovado. Agora descubro o Rio amigo, do pessoal jovem que gosta de curtir um papo interessante em bons restaurantes e simpáticos barzinhos. É uma cidade muito bonita e a gente não escapa de exclamar – poxa! Existe o sol, o mar, a montanha. Existe a vida!

Planos futuros.

- Depois desta experiência na televisão espero não parar mais. Minha vida é muito voltada ao trabalho. Vou tentar, agora, ter mais tempo para mim mesma. E aproveitar ao máximo este meu momento, tão rico em novas e gratas emoções.

Fonte: Jornal O Globo