O BRILHO DA ESTRELA

28/10/1987 01:47

Mandala devolve o talento de Dias Gomes á novela das 8 e revela Giulia Gam, uma atriz que apaixona pela meiguice e simplicidade.

Terça-feira, dia 20 de outubro, pela manhã, apenas 24 horas depois de ter chegado de uma ensolarada lua-de-mel na Grécia, Jocasta foi levada para uma maternidade no Rio de Janeiro. Nervosa, pediu aos fotógrafos que se retirassem. Só assim conseguiu concentar-se e, a uma ordem do diretor, deu á luz o filho que esperava há oito capítulos: Édipo. O marido, Laio, não perdeu tempo: imediatamente, deu sumiço na criança. Terminava naquele instante uma das mais fugazes e estupendas atuações de uma atriz no horário de maior audiência da TV Globo, a novela das 8. Contratada por um cachê de 50 mil Cruzados mensais para 16 capítulos da novela Mandala, de Dias Gomes, no ar desde o dia 12, a paulista Giulia Gam, de apenas 20 anos de idade, acabava de gravar sua última cena, programada para exibição nesta quinta-feira.

Sem maquilagem, ela tem o rosto levado, bochechudo e saudável de uma camponesa nórdica. O nariz arrebitado acentua o ar de adolescente e, com menos de 1.70 metro, ela exibe recheios que a reprovariam de qualquer concurso que exigisse os padrões consagrados de beleza feminina: 94 cm de busto, 66 de cintura, 97 de quadris. No entanto, em cena, ela foi o encanto dos telespectadores da Globo - médias de audiência de 58% em São Paulo e 69% no Rio de Janeiro nos primeiros nove capítulos - que acompanham as peripécias da jovem Jocasta, estudante de Sociologia da PUC carioca, às voltas com sua paixão por Laio (Taumaturgo Ferreira), o indolente filho de um industrial milionário, místico, com um leve toque homossexual e um sonho declarado na vida: ser um gângster à moda antiga.

TRAGÉDIA EM DOIS TEMPOS - Pela primeira vez uma telenovela começou sem as pirotecnias próprias de uma estréia, quando se tenta segurar o espectador a poder de muitas tomadas externas e seqüências rápidas e variadas. Mandala fugiu desse praxe. Jogou com a força de praticamente apenas dois personagens - Jocasta e Laio. Nunca uma novela tinha arriscado tanto nos capítulos inciais em cima de único par de atores. Nunca uma atriz estreante tinha sustentado cenas tão longas. Contados no relógio, Giulia Gam ocupou 11 minutos e 30 segundos dos 40 minutos do primeiro capítulo, repitu a dose no segundo e chegou a 16 minutos no terceiro - quase sempre apoiada numa peformance igualmente brilhante de Taumaturgo Ferreira. Nunca um desempenho de tanto talento tinha feito decolar uma novela em tão pouco tempo e desaparecido tão rápidamente.

Giulia Gam, neta de dinamarqueses e nascida em Peruggia, na Itália, onde seus pais estudavam em 1966, faz cooper na praia todas as manhãs para compensar seu apetite por massas e vinho, não fuma e não acha graça em drogas, lê de preferência Machado de Assis e Guimarães Rosa e tem pouco interesse por política, embora declare simpatia por dois partidos pequenos - o Verde e o Humanista. Sua biografia, apesar da pouca idade, registra, porém, uma respeitável carreira teatral, que lhe valeu a escolha para o papel de Jocasta - a protagonista da nova história criada pelo veterano Dias Gomes. O autor foi buscar inspiração na peça Édipo Rei, de Sófocles, transpondo para a atualidade brasileira o drama de seus personagens centrais, cujo destino inevitável é anunciado pelo oráculo: Laio será assassinado pelo filho, Édipo, que se casará com Jocasta, sem saber que é sua própria mãe, e com ela terá três filhos.

Dias Gomes, cujo grande temor é a reação da Censura ante a relação incestuosa entre Jocasta e Édipo (veja o quadro á pág. 88), conseguiu fazer de uma trama conhecida uma novela repleta de novidades, dividindo sua versão da clássica tragédia grega em duas partes. Na primeira, que se passa no ano de 1961, Jocasta e Laio são dois jovens apaixonados que se casam quando ela já está grávida. São apenas dezesseis capítulos. Na segunda, nos dias atuais, os personagens tentam evitar o desenlace traçado pelo destino e até o final, no capítulo 180, Vera Fischer e Perry Salles assumem os papéis de Jocasta e Laio adultos. Giulia e Taumaturgo saem de cena.

PROBLEMA PARA VERA FISCHER - O fenômeno da fulgurante passagem de Giulia Gam pelos dezesseis primeiros capítulos de Mandala deixa um problema para a atriz Vera Fischer. Para Perry Salles, de cabelo esticado para trás e amarrado na nuca com um chinó, não será tão difícil dar continuidade à linha bandida de Laio jovem, desenvolvida por Taumaturgo Ferreira, mesmo porque o personagem dura pouco. Já no 24.º capítulo, será morto pelo filho e Perry Salles sairá de cena. "Há uma esperança, porém" diz o ator. "O cadáver de Laio não aparece. Quem sabe Dias Gomes, como um oráculo da era eletrônica, poupe Laio em sua novela?" O Laio quase catatônico, cínico e inescrupuloso que Taumaturgo criou na parte inicial da novela continua praticamente o mesmo quando a trama salta dos anos 60 para a atualidade - uma armação quase esquemática do delinqüente endinheirado que quando jovem lidava com drogas e contrabandeava pedras preciosas e, adulto, continua metido no crime.

Jocasta, não. Giulia Gam, contratada para segurar a personagem para a entrada de Vera Fischer, levantou-a de tal forma, instilou tantas nuances e imprimiu um brilho tão grande à sua interpretação, que não será fácil para sua sucessora sustentar o peso da personalidade desenhada por ela. Nada foi acertado entre elas. O único ajuste entre Jocasta jovem e Jocasta adulta foi obra da maquilagem: Giulia Gam clareou os cabelos e usa lentes de contato azuis para ficar com a cor dos olhos de Vera Fischer. Fora isso, as duas Jocastas de Mandala encontraram-se apenas socialmente, duas vezes, antes do início das gravações. Isso tem obrigado Vera a assistir todos os capítulos gravados por Giulia para assimilar o caráter da personagem. Ela não se preocupa, porém. Veterana de muitas novelas, confia sobretudo na ajuda dos vôos de fantasia do trabalho de Dias Gomes. Assim como Laio pode não ter morrido, também Jocasta pode não ser a mãe do rapaz que aparece como Édipo adulto (Felipe Camargo).

O drama de Sófocles que Dias Gomes foi buscar no teatro grego já teve muitas versões no mundo inteiro, mas nenhuma sujeita aos caprichos de um gênero como a telenovela, que se não tem compromissos com a realidade muito menos os terá com a Grécia antiga. Há dias, Vera Fischer conversava com Dias Gomes e Marcílio Moraes, co-autor da novela, sobre a relação possível ou impossível de Jocasta com o filho, quando os dois interromperam a cadeia de ligações que a atriz fazia. "E se Édipo não for filho de Jocasta?", sugeriu um deles. "Por que não?" apoiou o outro. "A novela é uma obra aberta." No caso de Mandala, além das portas que os autores pretendem abrir para fazer a história deslizar pelos caminhos que lhes pareçam mais adequados, há o imperativo de produzir adaptações que transformem o drama numa peça mais palatável para a legião dos telespectadores brasileiros. Assim, o oráculo de Delfos, que na peça grega comunica a Laio a trágica profecia, é substituído em Mandala por um gordo babalorixá, que vê nos búzios o destino do trio. Os mistérios e premonições que pontuam a narrativa de Sófocles são substituidos por uma forte carga de misticismo e ocultismo na de Dias Gomes.

ÉDIPO NO PSIQUIATRA - Logo no primeiro capítulo, em que se misturam as duas épocas em que se passa a história, o autor divertiu-se colocando Édipo frente a frente com um psiquiatra, para pôr para fora sua hostilidade em relação ao pai e o desejo de matá-lo. Mas divertiu-se também esboçando para o espectador, no consultório médico, o caráter paranormal do personagem, que tem visões estranhas ao freqüentar o Vale do Amanhecer, uma comunidade mística instalada há vários anos nos arredores de Brasília.

Poucos personagens escapam a alguma forma de magia. O próprio Édipo, na segunda fase da novela, exala perfume quando ama sua namorada Letícia (Lúcia Veríssimo). Argemiro (Carlos Augusto Strasser, quando o personagem é adulto) é outro que não dá uma passo sem antes consultar algum advinho ou as cartas de tarô. Laio, muito influenciado por Argemiro, freqüenta o candomblé e é nos búzios que desevenda o futuro. Como na tragédia grega em que Dias Gomes se inspirou, ele fica sabendo que terá com Jocasta um filho que depois o matará, tornando-se amante da própria mãe. Adulto, interpretado por Perry Salles, Laio conserva-se místico e assume um ar quase diabólico - uma composição que o ator acentua com seu chinó, como Robert De Niro no papel de demônio no filme Coração Satânico, atualmente em exibição no Brasil. "Nada a ver com De Niro", corrige, porém, Perry Salles. "Deixei o cabelo crescer pra marcar o tempo que fiquei desempregado antes de ser chamado para Mandala - quase um ano inteiro." Só Jocasta escapa às crenças mágicas dos demais, coincidindo, aliás, com um traço de personalidade de Giulia Gam. "Preifro não mexer com essas coisas", diz ela. "O máximo que faço é consultar uma cartomante."

O contraponto do misticismo que campeia na novela é a família de Jocasta, na qual dois veteranos atores, Paulo Gracino e Gianfrancesco Guarnieri, esbanjam comicidade na criação do avô e do pai da moça, Patronilho e Túlio. O primeiro é anarquista, o outro, comunista. "Comunista agora virou bonzinho, gosta de apanhar da polícia", vive provocando ovelho conhecido como Pepê. No atrito permanente entre os dois sobre os problemas políticos do país, Dias Gomes, que amarra uma audiência mais jovem no ardor da paixão entre Jocasta e Laio, ancora o interesse de toda uma geração chegando aos 40 e 50 anos de idade com a lembrança do que foram os seus anos dourados - a década de 60, pelo menos da euforia do final do governo do presidente Juscelino Kubitschek até o golpe militar de 1964.

MACUNAÍMA E NELSON RODRIGUES - O anos 60 ganharam o mesmo fascínio que os anos 20 tiveram para outras gerações, e os mais velhos gostam de lembrá-los. Dias Gomes sabe disso. Assim, até Carlos Lyra apareceu na reconstituição de um barzinho no Beco das Garrafas, no Rio de Janeiro, célebre na época em que a bossa nova começou a pegar. Não faltou também o teatro popular dos CPCs - centros populares de cultura, perseguidos pela polícia -, com a canção Subdesenvolvido, de Lyra e Chico de Assis, trecho de uma peça censurada na época. Não que a produção de Mandala - estimada em 2 milhões de cruzados por capítulos - tivesse esmerado na recomposição de detalhes de arquitetura e figurinos de época. Pode-se criticar, por exemplo, o guarda-roupa do jovem Laio, mais próprio de um yuppie dos anos 80 do que de um moço milionário e rebelde dos anos 60. Para a produção, porém, isso é irrelevante. "Procuramos mais o clima do que o outra coisa", afirma o diretor Ricardo Waddington, que em 1961 tinha 1 ano de idade. E ironiza: "Afinal, a maior questão era a saída política para o país - exatamente como hoje, parlamentarismo ou presidencialismo?"

A renúncia de Jânio Quadros à Presidência, em 1961, é marcada pela prisão do pai de Jocasta, um autor de novelas de rádio que tem sempre a mala pronta para ir para a cadeia em situações de crise nacional, só por ser comunista. "É uma bela homenagem ao ator Mário Lago, que de fato tinha sempre uma maleta prontinha para quando fossem buscá-lo", diz Guarnieri. Em 1961, ele tinha 27 e brigava na Censura pela liberação de sua peça A Semente. Petronilho, o avô de Jocasta, passa dos anos 60 para os anos 80 quase centenário, mais anarquista que no passado e com cômica irreverência agravada por uma esclerose que impede até de reconhecer o neto, "Pensam que me enganam? Conheço muito bem os meus netos", grita ele diante de Creonte, interpretado, numa brincadeira da direção, por Gracindo Jr., que é filho de Paulo Gracindo.

Giulia Gam chegou a Mandala sem nenhuma experiência de televisão, a não ser alguns comerciais e vídeos gravados com seus amigos da produtora independente paulista Olhar Eletrônico. Trazia, porém, algo que raras atrizes na sua idade têm na bagagem: cinco anos de exaustivo e obsessivo trabalho no teatro, com um objetivo que ela diz que tinha desde criança: tornar-se uma atriz. "Ela é tão persistente que às vezes se torna chata", lembra o diretor Antunes Filho, que a dirigiu em sua estréia no palco, em 1984, como Julieta, no Romeu e Julieta, de Shakespeare. "Quando ela queria saber alguma coisa sobre técnica de ator, por exemplo, não saía do meu pé, era de fato muito chata." Desde que Giulia deixou o CPT - Centro de Pesquisa Teatral -, que Antunes Filho dirige no Teatro Sesc, em São Paulo, ele não a viu mais, nem no palco, nem no cinema. Viu-a apenas nos comerciais que ela fez para a Telesp. "Gostei muito", diz o diretor, conhecido pelo tirânico método de trabalho que impõe a seu elenco, com períodos de ensaios e leituras muito rigorosos que passam de um ano e exigem dos atores aquela entrega total que só não esmaga os que são muito decididos. "Não tolero ator burro e mal informado", afirma Antunes.

A passagem pela companhia de Antunes foi a experiência mais forte até hoje na carreira de Giulia. "Com Antunes, a gente mergulha num mundo especial, sem família, Natal ou feriado. É um sacerdócio", lembra a atriz, que se dedicou a dezoito mses de ensaios para entrar em três peças do CPT: Macunaíma, Nelson 2 Rodrigues (uma síntese de Álbum de Família e Toda Nudez Será Castigada) e Romeu e Julieta. Suas lembranças mais vivas são dessa época. "Dei uma de caipira e exclamei: 'Puxa, quanta luz!' Levei a maior bronca do Antunes", ela conta de sua estréia como profissional, num teatro em Santo André, com Macunaíma. "Eu me senti meio que flutuando. Se não conseguia respirar era de pura emoção, e não tanto pelo nervosismo", é como Giulia gravou a estréia como Julieta, em 1984, no Teatro Anchieta, em São Paulo. Seu parceiro, Romeu, era Marco Antônio Pamio, que também está no elenco de Mandala, no papel de Argemiro, o lugar-tenente e guru de Laio, quando jovem.

GIULIA PERDE O EIXO - Tão marcante era a influência de Antunes Filho e de todo o grupo, com o qual ela viajou em longa temporada pela Austrália, Europa, Estados Unidos e Israel, que Giulia sentiu-se perdida quando uma série de desentendimentos provocou a dissolução da equipe. "Não sabia que rumo dar à minha vida", conta ela. "Ficou tão sem rumo que retomou um antigo interesse pela medicina", conta sua mãe, Ana Daisi Gam, que é psicóloga. Ela e o marido, o engenheiro José Carlos Gam, conseguiram com amigo médico que fizesse um estágio num hospital em São Paulo. "Ela ajudou em partos, entrou em centros de terapia intensiva e assistiu à cirurgias plásticas", informa Daisi. Ao fim de um mês, ela desistiu e optou pela volta ao teatro, uma carreira que os pais nunca deixaram de estimular, apesar dos sustos: "Em Macunaíma tivemos um choque quando vimos Giulia peladinha de índia no palco. Mas achamos que quem sai na chuva tem que se molhar" diz a mãe.

O reequilíbrio começou a aparecer quando Giulia conseguiu viajar até Paris, graças ao dinheiro ganho com uma série de comerciais de televisão de enorme sucesso para a Telesp, a empresa telefônica de São Paulo. "Antunes era a única referência que eu tinha até então", admite Giulia. "E em Paris eu encontrei Peter Brook, o diretor inglês. Levei fotos e currículo, ele me recebeu com muito carinho e me estimulou a não perder a fé e o entusiasmo - uma conversa que à primeira vista pode não parece tão especial, mas acho que era tudo que eu precisava ouvir." O empurrão final foi dado por Fernanda Montenegro, quando Giulia entrou para o elenco paulista de Fedra, em janeiro deste ano, fazendo o papel de Arícia. Durante seis meses, em São Paulo e em excursão por dezesseis cidades, Giulia conviveu com Fernanda. "Ela foi um marco", reconhece Giulia. "Com Fernanda, surgiu a relação atriz-atriz e também de duas mulheres." Giulia dá uma gargalhada e finaliza "Sair do Antunes não é fácil".

Fernanda Montenegro já a conhecia de Romeu e Julieta quando a chamou para Fedra. "Achei que ela tinha uma grande cumplicidade com o palco, além de uma interiorização de intérprete extramente concentrada e rara numa jovem dessa idade", comentou na semana passada Fernanda, que disse ter acompanhado a estréia de Mandala só para rever Giulia, de quem fala como se fosse uma veterana. "No convívio diário, ela mostrou ser uma verdadeira mulher de teatro, que transforma o exercício do trabalho num prazer."

DOIS FILMES E UM ANO - A mesma opinião tem outra atriz, Isabel Ribeiro, que apareceu com Giulia no filme Besame Mucho, de Francisco Ramalho Júnior, realizado no ano passado e exibido recentemente. Para Isabel a formação de palco que Giulia conseguiu desenvolver dá-lhe uma vantagem grande sobre as atrizes que só fazem televisão. "Giulia é jovem, mas é como se fosse dessa geração antiga, que tem que pensar onde colocar o pé, uma preocupação inexistente para quem se formou na TV", observa ela. Também no ano passado, Giulia teve outra experiência cinematográfica, dirigida por João Batista de Andrade no filme O País dos Tenentes, que esta semana entra em cartaz no Rio de Janeiro. Giulia interpreta Helena, uma moça do interior que se casa com um dos jovens participantes do movimento tenentista, Guilherme, mais tarde general e executivo de uma multinacional alemã cuja história é revista no filme.

Ela Encantou o diretor.

"Giulia não é aquele tipo de atriz-funcionária, que chega, faz o seu papel, recebe o cachê e some",  diz João Batista. "Ela quer saber de tudo o que está acontecendo com o filme." Quer saber tanto que chegou a pagar do próprio bolso uma viagem a Brasília para acompanhar no cerrado as filmagens de algums cenas de movimentos de tropas das quais não participava, apenas para se enfronhar melhor na história. "Na novela percebe-se uma diferença profunda entre ela e os outros atores", completa Batista. "Ela é a única entre os jovens que não tem aquele jeitão empostado de atuação."

CORDÃO DE APAIXONADOS - Giulia Gam teve uma formação que poucos atores brasileiros de sua idade tiveram. Além do extenuante aprendizado de palco com o diretor Antunes Filho, ela somou alguns trunfos preciosos: praticou esgrima dos 5 aos 15 anos - um esporte que exercita postura, gestos e movimentação, coisas decisivas para uma atriz -, estudou canto e aprendeu flauta, pífano de Caruaru e violino. Tudo isso, mais talento e mais uma obsessiva dedicação ao trabalho - "gosto de ser uma espécie de operária", diz ela - transformaram-na atriz de primeira grandeza já aos 20 anos. Na semana passada, completando apenas uma quinzena de aparição na televisão, se abrisse um álbum, Giulia poderia reunir uma coleção de elogios e declarações de amor de quem trabalha com ela e em Mandala e de amigos:

-Ricardo Waddington, diretor da novela: "Ela tem carisma, sensibilidade e naturalidade - três qualidades que são a matriz das estrelas".

-Vera Fischer: "A Jocasta jovem é ótima".

-Klaus Vianna, seu ex-professor de dança: "É uma pessoa muito doce, adorável".

-Roberto Rescalla, ex-colega de escola: "Lembro-me do primeiro dia em que a vi. Ela estava com um macacão azul de linha. Foi amor á primeira vista".

-José Ricardo Paim, seu ex-professor de Geografia: "Ela me chamou a atenção logo no início. Uma aluna inesquecível."

-Taumaturgo Ferreira: "Giulinha tem talento, é isso que basta".

-Ninho de Moraes, amigo apaixonado, cineasta e diretor de televisão: "O que posso dizer? Me liga, Giulia!"

-Paulo Gracindo: "Eu já a coloco no grupo seleto das grandes atrizes".

-Dias Gomes: "Essa menina é um fenômeno, entrou pelo estúdio pela primeira vez e já sabia o que fazer".

 

Giulia Gam afirma que não sabe se desperta paixões, "se é que isso existe". Existe sim. E em pouco mais de duas semanas de exposição na novela das 8, essa paixão está sepultando de vez a geração de símbolos sexuais do gênero ninfeta consgrado há algums anos por Lídia Brondi, que começou a ser superado por atrizes mais jovens como Malu Mader e Fernanda Torres. "Muita vezes me sinto desconjuntada", queixa-se Giulia. "Gostaria de parecer mais mulher, mais sedutora." Não precisa, Para ser mulher e sedutora basta ser o que ela mostrou em Mandala: Uma grande atriz.

Fonte: Revista Veja

Arquivo Pessoal: Edson William

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