O realismo de Eça numa crítica social (O Primo Basílio)

02/08/1988 20:44

Numa adaptação de um dos romances mais famosos do escritor Eça de Queiroz, a rede Globo do Brasil apresenta “O Primo Basílio”. O enredo desta minissérie gira à volta dos amores ilícitos de Luísa com o seu primo e da chantagem exercida por uma criada, Juliana, uma mulher maquiavélica, que se aproveita da situação para subir na vida...

Já no próximo dia 9, a RTP/2 vai dar início à tão esperada minissérie  brasileira, “O Primo Basílio”.

Esta é a primeira vez que um romance de um escritor português é adaptado para a televisão pelos brasileiros.

Composta por dezesseis episódios, a minissérie baseia-se numa das obras mais divulgadas daquele que foi uma das maiores figuras da literatura portuguesa, falamos de Eça de Queiroz.

Adaptado por Gilberto Braga e Leonor Basseres e produzido e realizado por Daniel Filho, “O Primo Basílio” retrata a Lisboa do fim do século XIX, debruçando-se sobre um pequeno quadro doméstico, onde são focadas três personagens-tipo: a burguesinha da Baixa, o dandi à procura de amor grátis e a criada despeitada e sedenta de vingança.

Um triângulo amoroso e o maquiavelismo da criada

Lisboa 1876 e 1878. Luísa havia sido noiva do seu primo Basílio. Porém, o infortúnio do destino obrigara-o a partir para o estrangeiro e a abandonar a prima.

Acaba então por casar com Jorge, um típico burguês, não por amor, mas pela sensação de conforto e segurança que este lhe oferece.

Com o marido de viagem pelo Alentejo, Luísa passa a freqüentar a casa de Leopoldina, uma mulher vivida, coincidindo com a chegada do primo Basílio a Lisboa. Logo a jovem fica deslumbrada com a sua riqueza e galanteios.

Juliana, a criada de quarto de Jorge e Luísa, uma mulher feia, invejosa e revoltada contra as injustiças sociais, fica desconfiada de imediato quanto a este relacionamento e vê assim chegada a altura de se vingar...

Basílio passa a visitar Luísa frequentemente, até que esta não resiste mais e acaba por se entregar aos seus amores, passando a encontrar-se num local secreto que designa de “Paraíso”.

Porém, este caso amoroso não chega a ser tão feliz e apaixonante como ela ansiara.

Um dia Luísa chega a casa e Juliana declara-lhe que possui as cartas que escrevera ao amante. Esta sente-se perdida e decide fugir com Basílio. Este, porém, a quem o sabor da aventura já havia passado, resolve partir sozinho para Paris.

Juliana passa então a exercer chantagem sobre a patroa, levando essa ao desespero. É então que Luísa decide contar toda a verdade a Sebastião, um amigo da casa que se propõe a ajudá-la a arrancar as cartas na posse de Juliana.

Fazendo-se acompanhar de um policial, Juliana fica tão apavorada que acaba por entregar as cartas a Sebastião só que, num ataque de fúria, o seu aneurisma explode e a criada perversa acaba por morrer.

Luísa, entretanto, cai à cama com uma febre nervosa e é o marido quem recebe uma carta de Basílio, dirigida à mulher, ficando assim a saber da situação de adultério. Quando esta se encontra já recuperada, Jorge mostra-lhe a carta, o que leva Luísa a ter uma recaída, entrando em coma e acabando por morrer.

Definição das personagens

Luísa (Giulia Gam) – É uma mulher sensual, indolente e sonhadora. Não possui uma consciência moral definida nem o que está certo ou errado. O seu casamento estável com Jorge é abalado pela chegada de seu primo Basílio.

Fonte: Caderno TV (Portugal)

Arquivo: Nuno Bragança