Pentesiléias leva furor feminino ao palco
Peça escrita pela cenógrafa Daniela Thomas marca a estréia de Bete Coelho como diretora em São Paulo
“Pentesiléias”, peça escrita por Daniela Thomas a partir de um texto de Heinrich Von Kleist, dramaturgo alemão do século 19, estréia hoje em São Paulo. O espetáculo é dirigido por Bete Coelho.
Bete é também a rainha-mãe, uma das três Pentesiléias nas quais Daniela desdobrou a personagem da história de Von Kleist.
Giulia Gam interpreta outra delas, a princesa. Renato Borghi faz o conselheiro da rainha e preceptor da princesa, que se transforma progressivamente na terceira Pentesiléia.
A peça dura pouco menos de uma hora e quarenta minutos. Conta a história das duas heroínas, mãe e filha, rainha e princesa, em um reino onde todos foram castrados.
A decisão é tomada pela rainha depois da traição do rei. O conselheiro, um eunuco, recebe a incumbência de preparar a princesa para o papel de rainha.
A princesa é a única pessoa do reino que não é castrada. Ela encontra Aquiles. Daniela, como Kleist, inverte a história mítica, um fragmento da “Ilíada” de Homero. A princesa vive.
Vive, sem saber o furor que a toma. Ela não sabe o que sente. “A peça termina com uma frase de Kleist que me encantou”, diz Daniela: “Beijar, morder, beijar, morder, qual é a diferença?”
Daniela, além de autora, é a cenógrafa e assina os figurinos.
No palco do teatro SESC Anchieta, no centro de São Paulo, ela construiu um tablado de madeira, um semi-círculo com cinco metros de raio, que se eleva progressivamente em direção ao fundo.
O fim do tablado fica a um metro do chão. Os personagens movem-se sobre este piso inclinado.
Fonte: Folha de São Paulo