Além da ficção

18/10/2008 02:30

Para Giulia Gam, prisão sempre foi coisa de cinema. Mas ao interpretar a Diva, de A favorita, a atriz pôde sentir na pele o clima pesado de uma cela. Várias cenas foram gravadas em uma área desativada da penitenciária Frei Caneca, no Rio de Janeiro. A Globo limpou a locação, mas deixou as fotos coladas pelos presidiários que ali estiveram. "Foi impressionante gravar lá e foi bom porque tudo aquilo contribuiu para que a novela ficasse crível", analisa Giulia, que se divertiu quando teve de cair na pancadaria com as outras presidiárias da novela. "Foi engraçado ver os técnicos olhando um monte de mulher se batendo", diverte-se. O universo de sua personagem é completamente oposto aos papéis nos quais a atriz iniciou a carreira. Aos 15 anos, ela foi a protagonista feminina em Romeu e Julieta, de Shakespeare, quando entrou para o grupo teatral Macunaíma. "A gente participava dos principais festivais do mundo. Naquela época, eu achava que a vida seria sempre assim", lembra.
Diva é tudo, menos previsível. No início, esperava-se que ela fosse morrer de alguma doença, mas ela acabou se tornando uma peça importante na história central. "Sempre trabalhei em banho-maria porque nunca sei para onde a personagem pode ir", explica. Mas mesmo com tantos segredos, a revelação do responsável pelo assassinato de Marcelo, interpretado por Deco Mansilha, não pegou a atriz de surpresa. "Eu sabia que a Flora era a assassina. Fico aliviada em não ter mais que guardar isso", confessa aos risos.
Com 27 anos de carreira, Giulia Gam chegou a hesitar antes de aceitar um papel na tevê. Mas, apesar de estar muito envolvida com o teatro, não resistiu quando surgiu a oportunidade, em 1987, de viver a Jocasta jovem em Mandala, de Dias Gomes. "Achei bacana porque falava dos anos 60s e eu pude estar perto de atores como Mário Lago e Paulo Gracindo", orgulha-se ela que, no ano seguinte, interpretou a conflituosa Luísa, em O primo Basílio. Mas a idéia de que estava traindo Antunes Filho, diretor do grupo Macunaíma, do qual ainda fazia parte, não saía de sua cabeça. "Achava que estava me vendendo para o sistema, para a Globo. Mas hoje vejo que era uma bobagem, que poderia ter me divertido mais e ficado com menos culpa", arrepende-se.

 

Fonte: www.parana-online.com.br/colunistas/288/60961/