Biografia

18/08/2011 21:55

Giulia Gam (Perugia, 28 de dezembro de 1966) é uma atriz brasileira.

Giulia Gam nasceu na Itália, por ocasião da realização de um curso do pai, José Carlos Gam. Sua biografia registra uma respeitável carreira teatral, tendo começado aos 15 anos, através do diretor Antunes Filho, que a selecionou para uma montagem de Romeu e Julieta, em 1984. Com a companhia de Antunes, viajou numa grande turnê pela Austrália, Europa, Estados Unidos e Israel.

Depois que esta se dissolveu, viajou para Paris, onde encontrou Peter Brook, que a motivou a continuar com a sua carreira. Em janeiro de 1987, de volta ao Brasil, junta-se no elenco da peça de Jean Racine, Fedra, convidada por Fernanda Montenegro. Trabalharia ainda com importantes diretores do teatro, entre os quais se destacam José Celso Matinez e Gerald Thomas.

Estreou na TV Globo em 1987, convidada pelo diretor Roberto Talma para participar dos 15 primeiros capítulos da novela Mandala, como a protagonista Jocasta, na fase jovem. A personagem, posteriormente, seria vivida pela atriz Vera Fischer.

No ano seguinte, protagonizou a minissérie O Primo Basílio, onde interpretou a jovem Luísa, contracenando com Marília Pêra, que viveu a perversa Juliana, e Tony Ramos, no papel de Jorge.

Em seguida, participou da novela Que Rei Sou Eu?, de 1989, que reuniu grandes nomes da televisão: Tereza Rachel, como a rainha Valentine; Antônio Abujamra, como o bruxo Ravengar; Marieta Severo, como Madeleine; e Daniel Filho, como Bergeron Bouchet, entre outros.

Dois anos depois, em 1991, fez uma participação especial na novela Vamp, no papel de uma vampira roqueira, baixista do conjunto liderado por Natasha, de Cláudia Ohana.

Em 1993 foi escalada para interpretar Linda Inês, a protagonista de Fera Ferida. Entre 1995 e 1996 esteve no elenco principal das séries A Comédia da Vida Privada e A Vida Como Ela É..., baseadas, respectivamente, nas crônicas de Luís Fernando Veríssimo e Nelson Rodrigues. Em 1998 protagonizou a minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos, em que a sua personagem, Florípedes Paiva (Dona Flor), vivia um triângulo amoroso com as personagens de Edson Celulari e Marco Nanini.

Voltou às novelas em uma participação na novela A Padroeira, de 2001. Sua personagem, a vilã Antonieta, chegava à trama, já com uma boa frente de capítulos, para atrapallhar a vida dos protagonistas vividos por Deborah Secco e Luigi Baricelli.

Após dez anos sem participar de uma novela inteira, integrou o elenco de Mulheres Apaixonadas, na pele de Heloísa, uma mulher obsessiva e muito ciumenta. Sua atuação obteve grande reconhecimento do público, abordando problemas relacionados a crises conjugais e apresentando ao telespectador o grupo de auxílio Mada (Mulheres que Amam Demais Anônimas), criado nos moldes dos Alcoólicos Anônimos.

Em 2005 após mais dois anos e meio sem fazer novelas, retornou ao vídeo em Bang Bang, onde despontou como a sedutora Vegas Locomotiv, que inicialmente na trama era apenas uma cafetina engraçada e depois viria a tornar-se uma vilã fria e cruel. Participou dos primeiros capítulos de Eterna Magia. Em 2008 participou de A Favorita, no papel de Diva Palhares, uma mulher que abandona o marido e o filho, para fugir com um outro homem e acaba presa por tráfico internacional de armas. Após cumprir pena, seu único objetivo é ter o perdão da família.

Em 2010, participou de Ti Ti Ti como a sofrida socialite Bruna Sampaio, uma mulher bem-casada com Gustavo (Leopoldo Pacheco), dono de uma editora, que muda radicalmente de vida ao descobrir a existência de um câncer.

Em 2012 interpretou a culta jornalista Laura Belize em Amor Eterno Amor.

Em 2013 volta ás novelas com uma vilã cômica, a decadente Bárbara Ellen em Sangue Bom.

Fonte: Wikipédia

 


TRAJETÓRIA NA GLOBO

Ela tinha apenas 21 anos quando foi convidada para atuar em Mandala, de Dias Gomes, em 1987. Era o convite dos sonhos de qualquer atriz iniciante: novela do horário nobre da Globo, com direito a viver a primeira fase da personagem principal da trama, Jocasta, papel para o qual fora escalada Vera Fischer. Sonho para as outras, não para Giulia Gam, que atuava fazia cinco anos no grupo de teatro de Antunes Filho. Afinal, naquela época, aceitar fazer televisão, para aquele restrito grupo de atores e atrizes, era trair o teatro, abandonar a arte no seu estado mais puro. Giulia, inclusive, já havia recusado outros convites da Globo, mas, desta vez, apaixonada por mitologia grega, base da novela, acabou aceitando.
E, finalmente, Giulia Gam estreou na televisão, iniciando ali uma carreira consistente, que abarca televisão, teatro e cinema. Giulia trabalha muito, mas é bastante seletiva ao dizer sim para alguma produção. Em 25 anos de Globo, por exemplo, atuou em 12 novelas, e, ainda assim, cinco delas foram participações especiais. Minisséries e séries, sim, fez muitas, quase 30, entre as quais O Primo Basílio, adaptação de Gilberto Braga e Leonor Bassères da obra de Eça de Queiroz (1988), seu segundo trabalho na emissora e a primeira protagonista. Na tela grande, foram 24 longas-metragens, incluindo Chico Xavier, com direção de Daniel Filho, em 2010, e Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo, exibido um ano depois. No teatro, foram muitas peças, passando por importantes diretores, como Antunes, Zé Celso Martinez e Gerald Thomas.
“Quando eu era pequena, meu pai me levou para ver o mímico Marcel Marceau. Fiquei muito impressionada. Me encantei, porque sempre tive uma dificuldade, e tenho, por incrível que pareça, de me expressar, de falar o que sinto. Acho que a ideia de ser atriz está ligada a essa possibilidade de viver várias vidas com script. Isso me era atraente, gostava do palco. No colegial surgiu essa questão do que ia fazer, também gostava de medicina, mas quis ver se tinha talento para o teatro, porque é uma profissão que deve ser muito sofrida se você não tiver talento para ela. Comecei a fazer cursos e percebi que tinha talento. Mas o que me puxou mesmo foi o Antunes Filho. Ele precisava de uma jovem, para montar Romeu e Julieta, e já tinha testado duas mil atrizes. Ele estava com dificuldades para encontrar uma atriz que parecesse ter uns 17 anos, mas que segurasse a peça. Eu tinha de 15 para 16 anos. Passei”, conta Giulia, que nasceu no dia 28 de dezembro de 1966, em Perugia, na Itália, onde seu pai estudava pintura.
O Primo Basílio foi um sucesso, mas de tão cansada, a atriz acabou em um spa. Achou que, agora sim, sua vida voltaria aos trilhos do teatro. Ela não contava, porém, com o novo convite, desta vez para atuar em uma novela completa. “O médico me falou: ‘Você está estressada’. Tinha 21 anos e nem sabia o que era isso. Depois que eu fui para o spa, veio o Roberto Talma me convidando para fazer Que Rei Sou Eu? Lembro que eu chorava e dizia que não podia fazer, porque estaria traindo o Antunes. Minissérie, 15 capítulos de novela, tudo bem, mas eu não podia fazer uma novela inteira”, lembra.  Mas, novamente, o tema da novela era muito interessante, ela participaria de lutas de espada (Giulia foi esgrimista e até competiu em um campeonato sul-americano) e, de quebra, a direção era de Jorge Fernando. Sim, aceitou. Da novela, que foi ao ar em 1989, destaca sua parceria com Edson Celulari, com quem já havia trabalho no teatro, em Fedra, que teve no elenco, ainda, Fernanda Montenegro.
Que Rei Sou Eu?  teve ótima repercussão, Giulia continuava no teatro, quando uma conversa ao telefone com Antunes Filho foi decisiva. “Liguei para o Antunes e ele me perguntou: ‘você já está vendendo massa de tomate?’ E eu: ‘Não, Antunes.’ E chorava. Foi um sacrifício”, relembra. Após a novela, então, Giulia resolveu ir embora do Brasil. Seu destino: Nova York, para trabalhar em teatro com Geraldo Thomas. Somente dois anos depois voltou, e fez uma participação especial em Vamp, de Antonio Calmon, com direção de Jorge Fernando, que se tornara seu amigo e insistiu muito para que ela aceitasse o convite. Até atuar em sua próxima novela, Fera Ferida, de Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn (1993), na qual viveu a protagonista, fazendo par novamente com Celulari, a atriz atuou em alguns especiais, com destaque para Lisbela e o Prisioneiro, quando foi dirigida por Guel Arraes, que a puxou para o humor. “Veio Comédia da Vida Privada, que foi um estrondoso sucesso. Acho que, nessa brincadeira, ficamos uns cinco anos envolvidos com esses projetos de teledramaturgia. E foi uma época muito bacana”, afirma.
Giulia se defrontou com um novo desafio ao ser convidada para viver o papel principal de Dona Flor e Seus Dois Maridos, minissérie com direção de Mauro Mendonça Filho, que foi ao ar em 1998. Reviver uma personagem entronizada por Sônia Braga, para Giulia, com seu tipo físico tão europeu, era de fato um desafio. Mas a minissérie foi um sucesso, e o trabalho da atriz teve grande repercussão. “Era um trabalho difícil. Como eu iria trabalhar uma sensualidade que eu não acreditava ter, ou que nunca havia trabalhado antes? Foi muito desafiante”, admite. Em 2001, a atriz atuou em A Padroeira, de Walcyr Carrasco, a primeira novela que gravou no Projac
Foi em 2003, no entanto, em Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos, que Giulia Gam viveu sua personagem de maior sucesso, a Heloísa, que sofria de amor e trouxe para a televisão a discussão do ciúme doentio. “Heloísa foi uma coisa extraordinária, uma das minhas experiências mais incríveis. Uma coisa legal deste papel foi tocar em um ponto que virou quase uma terapia popular. Na época, ninguém conhecia o Mada (Mulheres que Amam Demais Anônimas), e eu também não. As pessoas eram ciumentas, mas nunca haviam pensado nisso em termos de doença. Então, acho que esse questionamento veio em um momento interessante. Qual o limite do ciúme? Era uma coisa inédita na televisão”, discorre. Não à toa, Giulia Gam ganhou, naquele ano, o Troféu Imprensa de Melhor Atriz. 

Giulia continuou alternando novelas, como o remake de Ti-Ti-Ti, de Maria Adelaide Amaral (2010), e Amor Eterno Amor, de Elizabeth Jhin (2012); participações especiais, como em Eterna Magia, também de Elizabeth Jhin (2007); e séries como A Grande Família, Força-Tarefa e Aline; além de se dedicar ao teatro, atuando, por exemplo, em Dilúvio em Tempos de Seca, com direção de Aderbal Filho (2005). “O palco é um lugar religioso para mim, no sentido de entrar em comunhão e conseguir estar no presente. É aquele único momento da vida em que você se sente plena, no lugar em que tem de estar. O cinema está ficando mais forte, até porque está tendo mais projeção internacional. A televisão, obviamente, ainda é a grande força do país. Não há nada que se compare, pelo menos em termos do meu metiér, não há cinema e teatro que se comparem à força da televisão”, avalia.

[Depoimento concedido ao Memória Globo por Giulia Gam em 22/05/2006.]

 
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