Boa atriz ou linda, Giulia Gam decide: "Aos 47 anos? Melhor ser linda"

02/08/2014 23:48

Com muito bom humor, atriz fala sobre novo papel em "Boogie Oogie" após sucesso como Bárbara Ellen, de "Sangue Bom"

 

Giulia Gam está em puro processo de criação. Depois do estrondoso sucesso como Bárbara Ellen na novela das 19h “Sangue Bom”, ela surge agora com os fios longos e loiros na pele de Carlota, uma dona de casa rica e tipicamente dedicada dos anos 1970. É esse o clima de “Boogie Oogie”, nova novela das 18h da Globo que estreia na segunda-feira (4).

O retorno para a TV foi recente. Ou sua experiência como Bárbara Ellen foi intensa demais. O fato é que Giulia se pegou ainda falando como a vilã cômica de “Sangue Bom” quando recebeu os primeiros textos de Carlota. Ela admitiu que ainda está tentando encontrar o tom da nova personagem, que também é uma vilã, mas mais ousada e profunda.

"Sair de um trabalho como ‘Sangue’ e começar ‘Boogie Oogie’ com uma personagem que tem personalidade forte e com uma história pregressa que ainda não tenho informação, é algo que eu ainda estou buscando, e conto muito com a direção. Confesso que uma personagem rica, que mora em uma mansão, que tem dificuldades com a filha, que tem uma sogra que chama Madalena, que tem ironia, humor… Eu realmente ainda estou tentando me encontrar nesse outro tom. Ainda estou muito condicionada na musicalidade da Bárbara Ellen. E acho que o público também”, declarou a atriz.

A base para Giulia, além da direção de Gustavo Fernandez e Ricardo Waddington e texto de Rui Vilhena, passa muito por seus colegas de cena. Na história, Marco Ricca vive seu marido, Fernando, que tem relações fora do casamento pelas costas da mulher.

"O público vai conhecendo aos poucos o que está por trás. Aparentemente, você vê a Carlota casada com o Fernando e feliz. A família dele é dona de uma agência de viagem, coisa que na época era muito elegante. E sobre as traições dele, a minha personagem, por enquanto, não sabe de nada. Pelo menos que eu saiba”, avisou.

Para começar a incorporar o clima da época, a caracterização foi muito importante. O que Giulia não imaginava é que os cabelos longos chamariam tanta atenção no seu dia a dia. “Na verdade, tenho pouco cabelo. É de criança, de bebê. Quando vou trabalhar com imagem, seja em TV ou cinema, minha preocupação é o que fazer com o cabelo, porque ele é neutro de certa maneira. Ou tenho que fazer um corte ou usar aplique”, disse.

Ela continuou: “Há muito tempo não uso dividido no meio e comprido. E a gente levou um susto, porque colocamos o aplique, optamos por continuar com o loiro, e não sei o que acontece. As pessoas só enxergam o meu cabelo (risos)! Começaram a falar que eu estava com uma cara mais jovem, e isso não foi exatamente a opção principal. Claro, a gente não ia chegar em uma Farrah Fawcett da vida, mas algo que fosse próximo disso. O que eu posso sentir como mulher é que não tinha esse cabelo, então sempre era a boa atriz, a inteligente, a que interpretava bem, a simpática… Com esse cabelo, agora eu sou a linda (risos)!”. E o que é melhor? Ser a inteligente ou a linda, Giulia? “Aos 47 anos? O melhor é ser linda (risos)”.

Referências no passado

A trama de Rui Vilhena se passa no final da década de 70, e Giulia tem uma memória de infância dessa época. “Estou revendo uma época com olhos de adulta, porque quando passei por isso não entendia direito o significado de cada coisa. Então, tenho que recuperar de alguma maneira essa mulher que é esposa, que é dedicada, do lar”, avisou. Aliás, ser “do lar” foi coisa, na verdade, que ela nunca foi.

“Estou buscando ainda, estou tateando. Eu nunca fui essa mulher. Comecei a trabalhar com teatro cedo, morei em hotel em turnê… A minha mãe me teve um pouco mais tarde, com 30 anos, e ela não foi nem hippie e nem dona de casa. Ela era mais intelectual, e meu pai era estrangeiro, então não tinha muito isso. Essa novela está também muito focada no Rio de Janeiro. Nós assistimos a documentários que mostraram o clima na época, e a cidade era mesmo o centro cultural. Qualquer artista tinha que estar aqui”, contou.

E claro que a atriz se orgulha da sua independência e da carreira que construiu, mas ela brinca que hoje, ter um homem provedor assim como Carlota, não seria uma má ideia.

“Na minha época, as mulheres já estavam começando a desquitar. Eu, na verdade, não escolhi obviamente ser atriz e ter tanta independência. Não pedi isso, não queimei sutiã, não sou dos anos 60… Se eu tivesse um homem que me admirasse, me provesse e eu cuidasse só da casa, isso hoje, seria ótimo (risos). Mas posso dizer isso porque sei que tenho uma carreira, vivenciei isso, então eu poderia ter momentos do tipo ‘ok, de vez em quando vou trabalhar um pouquinho’ (risos). Mas acho que as mulheres se ressentem porque a gente mudou uma estrutura do patriarcado e ainda estamos caminhando. A gente não sabe se vai ser um matriarcado, ou que tipo de relação vai se criar”, opinou.

Por enquanto, o grande drama de Carlota, além das traições do marido, é que ela vive às turras com a filha que teve com Fernando, Vitória (Bianca Bin). O X da questão é que a menina, na verdade, não é sua filha biológica. Susana (Alessandra Negrini), amante do marido, trocou Sandra (Isis Valverde) por Vitória na maternidade para se vingar de Fernando, que quis terminar o relacionamento quando Carlota engravidou.

“Não sei o que vai acontecer quando ela descobrir sobre a troca dos bebês. Talvez ela seja o tipo de pessoa que não faça nada, ao contrário da excentricidade, de um lado até meio apaixonado, um pouco atrapalhado da Bárbara Ellen. Bárbara não chegava às vias de fato, mas passava por cima de quem precisasse passar. Ela não transgrediria leis, e acho que a Carlota é mais profunda nesse sentido. Ela é mais reservada, tem um auto-controle, um comportamental da época que eu tenho que entender melhor”, disse.

Fonte: https://migre.me/kM5KW