Crítica a novela Amor Eterno Amor
Amor Eterno Amor: personagens de mais, história de menos
Há mais de um mês no ar, "Amor Eterno Amor" ainda não conseguiu mostrar a que veio. A falta de ritmo é visível e desanimadora. Isso afasta o telespectador, principalmente quando a novela ainda está em sua fase inicial. Essa é a hora de 'conquistar' quem está assistindo e Elizabeth Jhin, a autora, não está sabendo agir. Para piorar, vemos uma quantidade imensa de atores sem a menor função e totalmente desperdiçados.
A trama central é a única que se desenvolve, mesmo que em passos de tartaruga. Com o falecimento de Verbena (Ana Lucia Torre), Rodrigo (Gabriel Braga Nunes) tomou posse da empresa da família e os conflitos com os vilões já começaram. Sua química com Miriam (Letícia Persilles) é um ponto positivo. O casal funciona. Cássia Kiss Magro (Melissa, uma vilã que ainda está fora do tom, diga-se), Carmo Dalla Vechia (Fernando) e Luis Melo (Dimas) ajudam a movimentar esse núcleo.
Porém, os núcleos restantes estão totalmente avulsos. A ótima
Andrea Horta (Valéria) está deslocada, assim como todos os integrantes da Ilha de Marajó: Pedro Paulo Rangel (Zé da Carmem), Vera Mancini (Carmem), Carol Castro (Jacira), Erom Cordeiro (Tobias) e Daniela Fontan (Gracinha). A vinda do protagonista para o Rio de Janeiro acabou 'matando' a função de todos eles.
Giulia Gam (Laura) e todos os atores presentes na redação de um jornal, funcionam como figurantes de luxo. Foi mostrado que Laura teve um envolvimento amoroso com o vilão Dimas, mas ficou nisso. Os demais pouco acrescentam. E Marina Ruy Barbosa, após o sucesso da patricinha Alice de "Morde & Assopra", faz parte desse time. André Gonçalves, que também se destacou como o engraçado Áureo, agora interpreta uma espécie de jornalista atrapalhado. Suas cenas se resumem em ser assediado pela personagem de Daniela Fontan.
E o que dizer do núcleo do edifício São Jorge? Camila Amado (Dona Olga), Nuno Leal Maia (Ribamar) e Hermilla Guedes (Marlene) têm poucas e repetitivas cenas. Olga e Ribamar são vizinhos que reclamam de tudo e se detestam. Não espere mais nada além disso. Já Marlene se preocupa com a filha (Laís-Jessika Alves) e tem medo que ela engravide na adolescência. Uma lástima ver uma atriz do talento de Hermila ter um papel tão bobo. Nica Bonfim, Rosi Campos e Tony Tornado também costumam aparecer por ali, mas o trio acaba tendo mais 'presença' na trama central, uma vez que seus personagens trabalham na mansão de Verbena. Ou seja, têm mais destaque e importância.
Carolina Kasting (Beatriz) dá vida a uma psicóloga que acredita no espiritismo e Felipe Camargo (Gabriel) interpreta um médico cético. Está claro que terão um romance e a função deles é praticamente essa: formar um casal com pensamentos divergentes em relação ao 'sobrenatural'. A filha dele (Clara-Klara Castanho) se comunica com os espíritos e Beatriz se aproxima cada vez mais da menina. Carlos Vereza é Seu Francisco, pai da psicóloga e um senhor solitário, já Suely Franco é Dona Zilda, sogra do médico e que mora com ele. Acabam servindo de escada para os demais. Dois grandes atores que se veem em uma história sem o menor atrativo.
Outro fato para se lamentar é ver Rosane Gofman interpretando mais uma empregada, cujo conflito é sofrer com a ausência da neta, já que sua filha (Regina-Maria Clara Mattos) a proibe de ver a menina porque tem vergonha de sua profissão. História batida demais.
Ainda temos o núcleo de adolescentes, com os clichês de sempre: a menina que dá em cima do pai da amiga, a jovem que não sabe o que fazer da vida, namoros etc. Nada que se relacione com a trama principal e gera pouquíssimo interesse. Para finalizar, Suzy Rêgo é Jaqui, uma mulher ciumenta e com autoestima baixa. É casada com Kleber (Marcelo Faria), um homem bem mais novo que ela, o que gera ainda mais insegurança. Fica difícil a personagem sair do lugar-comum e não ficar repetitiva. Com todo esse excesso de núcleos deslocados, como haver interação entre as tramas?
É inegável que Elizabeth Jhin escalou um elenco maravilhoso para sua novela. Mas se esqueceu de criar histórias atraentes para todos eles. Um bom time de atores é fundamental para o sucesso de uma trama, porém, só isso não basta. O enredo e o ritmo têm o mesmo grau de importância e nessa obra ambos ficam devendo e muito. "Amor Eterno Amor" necessita de vários ajustes para emplacar e é necessário que a autora foque nesses dois problemas principais. Caso contrário, o fracasso será inevitável.
Fonte: https://bit.ly/HC8xRy