Dilúvio em Tempos de Seca

31/01/2005 16:50

O diretor Aderbal Freire-Filho valoriza texto de Marcelo Pedreira em montagem de conceitos pop

À primeira vista, essa história já foi vista e revista. Dilúvio em Tempos de Seca mostra uma mulher que tenta se convencer de que amar não é importante. Ela é uma modelo, daquelas bem pop, que, numa noite de chuva torrencial, encontra um escritor em crise. Trancados em um banheiro, a modelo posa para ele como se este fosse um pintor e como se apenas a sua bela imagem pudesse inspirá-lo.

Nesse jogo do nada é o que parece ser, Dilúvio em Tempos de Seca recorre ao velho argumento de explicitar lacunas sentimentais. O verborrágico texto de Marcelo Pedreira é apenas bom, mas ganha extrema valorização na direção de Aderbal Freire-Filho e nas atuações de Giulia Gam e Wagner Moura. Inspirado, Freire-Filho leva as palavras de Pedreira além da mera discussão de um casal e mistura propositadamente elementos pop sem se afogar na cilada da pretensão.

Giulia, o que não é novidade, imprime uma verdade perturbadora à modelo. O jovem Wagner, por sua vez, surpreende na densidade do escritor. Mas é Aderbal Freire-Filho quem faz o espetáculo. Depois do ovacionado O Que Diz Molero?, o diretor prova que superou a caretice de peças como Casa de Bonecas e Sílvia e reafirma-se como o dono de suas cenas. Depois dos temporais

Fonte: https://bit.ly/R550hr