"Hoje tenho menos mágoas e rancores" - Revista Contigo!

26/02/2015 23:35

Giulia Gam não é a mesma de tempos atrás. E as mudanças vão muito além dos fios compridos que adotou para dar vida à vilã Carlota, de Boogie Oogie

De um tempo para cá, Giulia Gam, tem levado a vida de maneira mais leve. Aprendeu  a rir de si mesma – ou até gargalhar, como fez várias vezes, durante a entrevista e a sessão de fotos para CONTIGO!. “Você fica mais velha, vê as coisas e ri. Vai se levando menos a sério. Dizem que o humor vem da tragédia, né? Quando algo ultrapassa a tragédia, você ri. Não tem mais o que fazer”, constata a atriz, que revela estar solteira, após terminar o namoro de menos de um ano com o colorista de imagem Flávio Abreu, 35, há cerca de seus meses. “Cada um foi para o seu lado”, diz. Nesta entrevista, Giulia conta que deixou para trás também as mágoas de seu relacionamento com Pedro Bial, 56, com quem ficou de 1996 a 1999. Em 2001, os dois travaram uma batalha judicial pela guarda do filho, Theo, hoje com 16 anos. “Como generosidade de mãe, a gente tem de relevar certas coisas”, explica.

Além da Carlota, você já interpretou mulheres terríveis na televisão. Onde está seu lado vilã?

Posso ser cruel em pensamento, mas em ação, não (risos). Hoje tenho menos mágoas e rancores. Não tenho coragem de fazer nenhuma vilania, não, e eu aprendi que isso é muito chato, porque a vingança – e a gente sempre quer vingança – é um prato que realmente se come frio. Quando ela acontece, você já não está nem aí para aquilo, já esqueceu. Você quer apenas naquele momento, para se sentir ressarcida. Só que se passam 15 anos, você já viveu outras coisas, e aquilo ficou indiferente.

Você se preocupa com o que pensam sobre você?

Não deveria, mas eu me importo, sim. Ligo para opiniões de pessoas que respeito e me interessam. Porque não dá pra ler os comentário que fazem da gente na internet.

Você ainda está namorando?

Não. Não estou fazendo mais nada. Só gravando. Terminei há uns seis meses. Essa novela foi avassaladora! Simplesmente cada um foi para seu lado. Não teve nada demais. Ele mudou de emprego, partiu para outro caminho de vida. Nós apenas acabamos tomando rumos diferentes.

E como você está?

Adoro estar apaixonada e namorando, apesar de eu nunca ter me casado. Mas eu tenho muitos longos períodos, como este agora, em que me dedico apenas ao trabalho. Acho que tenho uma paixão pelo trabalho que eu faço igualmente forte, então, às vezes, é até meio difícil juntas as duas coisas, sabe? Mas acho delicioso encontrar alguém e a outra pessoa chamar sua atenção, principalmente quando os dois estão na mesma frequência e podem namorar, relaxadamente. Para mim não há nada mais gostoso do que fazer planos. Namorar é de fato muito bom.

Zezé Motta declarou, certa vez, que, após interpretar Xica da Silva (filme homônimo de 1976), passou a se sentir pressionada pelos homens, que esperavam que ela fosse tão voluptuosa quanto a personagem. O mesmo aconteceu com você, depois de interpretar Dona Flor (na série da Globo de 1997)?

Nessa época eu estava com o Pedro (Bial). Mas acho que, realmente, a Dona Flor, a Bahia, aquela coisa toda acabou gerando o Theo. Não posso te dizer sob outros ângulos, mas acho que foi um momento bastante fecundo (risos). Foi muito gostoso fazer a Dona Flor, muito sensual. Mas não sei se passo a impressão de que sou uma pessoa intensa, forte, sabe? Isso pode assustar um pouco. Nos meus relacionamentos, gosto de ser feminina, doce, ter colo, um provedor, poder ser um pouco menina mesmo: delicada, carinhosa... Sou frágil, garotona, palhaçada.

Você é uma mulher sexual?

Olhe, acho que sim. Mas não sou uma pessoa que procura sexo. Tenho um lado muito romântico, por incrível que pareça. Gosto de imaginar um relacionamento romântico, então não tenho necessidade de fisicamente estar com alguém. Tenho necessidade de criar o romance, não sexo por sexo. Nunca me interessei. Pode ser bobagem, que eu esteja perdendo tempo, mas preciso ter um envolvimento, mesmo que dure um dia, dois, o tempo que for. Tem de ter aquela sensação de que o mundo parou, sabe?

E você sonha com um amor para a vida toda?

Claro, adoraria. Sempre penso em envelhecer juntinho, mas acho que esse mundo tão idealizado talvez não exista mais. Vejo alguns casais do século passado tão bonitinhos. Ele levando ela, ela dando a mão para ele. Mas é uma coisa cada vez mais difícil. Vejo meus amigos que estão casados há mais tempo, e eles se conheceram aos 20 anos, quando você está em um período de formação. Aí constrói e descobre a vida junto. Perto dos 50, vai ficando mais difícil encaixar os filhos, todas as variantes possíveis do quebra-cabeça numa vida a dois.

Tem vontade de ter mais filhos?

Muita. Queria ter tido uns quatro. Ainda dá tempo, mas não sei se eu teria energia de novo. Já vivi meio século, então não faço mais projeções a longo prazo. Não consigo pensar se vou casar, ter filho.

Você se incomoda com perguntas sobre o relacionamento com Pedro Bial?

Eu acho natural que perguntem. Ele é uma pessoa em evidência, por causa do Big Brother. Entendo o interesse também porque tivemos um processo que foi público (pela guarda do filho, em 2001), e muita gente se comoveu de uma maneira ou de outra.

Soube que ele vai se casar (com a jornalista Maria Prata)? O que achou?

Soube pela imprensa. Foi muito difícil o que aconteceu entre a gente, mas, ao mesmo tempo, eu estou muito feliz, porque o Theo é um menino bastante saudável emocionalmente. Então, como generosidade de mãe, acho que a gente tem que relevar certas coisas. Quanto melhor o Pedro for, mais legal vai ser para o meu filho. Não desejo nada de mal a ele. Se ele quer casar, ótimo.

Então não há mágoas?

Prefiro não pensar nisso. Tivemos uma relação cordial, a gente conversa sobre o Theo, consegue ter essa relação muito pelo nosso filho. Mas não é amizade. Não chegamos ao nível de trocar confidências, o que seria até bacana.

Fonte: Revista Contigo!