Oficina recebe As Fenícias, de Eurípides
Pirofagia, atores pendurados por tecidos suspensos no ar e um texto do grego Eurípides escrito por volta de 400 a.C.. Pintando a tragédia grega nas cores dos espetáculos de rua, o diretor Caco Coelho mostra, a partir da meia-noite de hoje (dia 17), “As Fenícias” no palco-pista do Oficina.
Apresentado por dois meses no pátio do Museu da República, no Rio, o espetáculo explora os desdobramentos da maldição que devastou a casa do rei de Tebas, Édipo (vivido pelo ator convidado Edi Botelho), depois que este, por golpe dos deuses, matou o pai e teve quatro filhos com a própria mãe (Jocasta, interpretada pela também convidada Giulia Gam).
Em Eurípides, a história tem início quando Édipo, já conhecedor de seu infortúnio, é encarcerado em seu palácio por seus filhos homens, Etéocles e Polinices, como forma de sepultamento do passado.
Cego e tomado de cólera, Édipo pragueja que os filhos disputarão o trono até a morte de ambos. “É a guerra de irmão contra irmão, de tristeza contra tristeza. Estamos falando das sociedades de hoje”, diz Coelho, 40, um dos mentores, ao lado de Antonio Abujamra, do grupo Os Fodidos e Privilegiados nos anos 90. Para o palco agora o diretor traz os dez atores de seu atual Circo de Estudos Dramáticos.
“Falamos de ciúme, ambição, poder, mas é um espetáculo bastante sensorial. Abrange todo o tipo de público”, resume Giulia Gam. Uma banda de percussão, que toca instrumentos de sucata, faz a trilha para a série de desditas na casa de Édipo.
Fonte: Folha de São Paulo