Todo o poder de Giulia, Marisa, Letícia, Regiane e Deborah em Sangue Bom!

21/06/2013 00:26

Há muito tempo que Giulia Gam estava merecendo uma Bárbara Ellen. Atriz consagrada, ela andou trilhando o perigoso caminho do “meio termo”, sustentando atuações correta em papeis sem expressão, como Diva Palhares (A Favorita/2008), Bruna (Ti-Ti-Ti/2010) e Laura (Amor Eterno Amor/2012). E, agora, em Sangue Bom, desfila exuberância com sua personagem sensacional. Com Marisa Orth a situação era ainda pior. Ela participou de produções fraquíssimas, como Agora É Que São Elas (2003) e Bang Bang (2006), enquanto tentava se livrar do fantasma da Magda, do Sai de Baixo (1996/2002), fazendo nova parceria com Miguel Falabella, no Toma Lá Da Cá (2007/2009), e nos seriados Macho Man (2011) e  S.O.S. Emergência (2010), mas tudo muito parecido com o Sai de Baixo. Assim fica difícil, não é dona Marisa? Mas, como Giulia, ela recebeu um presentão dos autores, Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari: a tresloucada Damáris, que eu adoro de paixão, principalmente, nas cenas com seu fiel cão de guarda, Lucindo (Joaquim Lopes), e com a venenosa empreguete, Nice (Izabela Bicalho). E o que dizer de Letícia Sabatella e Regiane Alves? As duas são responsáveis pelos núcleos mais dramáticos da novela das sete e estão dando um show. Acrescentaria a lista também Deborah Evelyn, que entrou há pouco tempo na história, mas já deixa sua marca registradas numa personagem difícil como a sofridíssima Irene.

Deborah sempre foi uma atriz fantástica. Não consigo lembrar uma atuação mediana dela, nem mesmo quando a personagem estava aquém de seu imenso talento. E em Sangue Bom, ela tem matéria prima para pintar e bordar. E o faz com gosto! Na história, Irene abandonou o homem que amava ao flagra-lo na cama com outra, no dia em que havia sido pedida em casamento por ele. Para piorar, se descobriu grávida e, sozinha, sofreu uma terrível depressão pré e pós-parto, que a fez entregar o menino para a adoção. E passou anos internada no setor psiquiátrico de um hospital. Drama para dar e vender, que Deborah desenvolve com sensibilidade e maestria. A trama da personagem está apenas começando, mas estou muito curioso para ver como Irene – agora chamada de Rita – fará para se acertar com o filho abandonado, Fabinho (Humberto Carrão), e retomar o romance com Plínio Campana (Herson Capri). E não espero nada menos do que a perfeição de Deborah Evelyn. Quem mandou me acostumar mal (risos)?

Há muito tempo que não vejo uma atriz derramar tantas lágrimas numa novela quanto Regiane Alves na pele de Renata. E como chora bem essa garota. Depois de muito tempo escalada para personagens cômicos, ela ganha um papel sob medida para sua já comprovada versatilidade e não o desperdiça. Trair o noivo no dia do casamento, com o primo do sujeito e vestida com o tradicional traje branco da cerimônia não é papel de uma mocinha que se preze. Mas Renata não é linear mesmo. Tem conflitos, dúvidas, angústias e comete besteiras como qualquer um de nós. Regiane faz a festa com tantos ingredientes deliciosos para um ator compor seu personagem e tem servido um banquete para o publico!

Nos próximos capítulos Sangue Bom, Renata viverá um triângulo amoroso com sua chefe e amiga, Verônica. Disfarçada como a cantora Palmira Valente, a empresária se envolve com Érico (Armando Babaioff), o noivo traído de Renata, dando início a um conflito dos bons. E, sem dúvida, Letícia vai arrepiar. A atriz tem uma forma muito sutil para atuar, perfeita para personagens frágeis e complicadas. E Verônica parecia ser frágil, mas, aos poucos, fomos descobrindo sua força e determinação. O disfarce de Palmira a ajuda a se libertar e viver uma nova vida, o que realmente pode ser libertador, especialmente, para quem enfrentou tantas decepções. E cá entre nós: quem não gostaria de, pelo menos, uma vez, se transformar em outra pessoa? Verônica faz isso como Palmira e permite a Leticia brincar com suas personagens e ainda brindar o publico com sua voz doce e afiada. Aliás, os números musicais de Sangue Bom são uma atração à parte que, logo-logo, comentarei aqui.

Bárbara Ellen e Damáris são herdeiras diretas de doidivanas Jacqueline (Cláudia Raia), de Ti-Ti-Ti, também de Maria Adelaide e Vincent. E são tão deliciosas quanto. Damáris é uma revelação pra mim, já que nunca fui fã de Marisa Orth. Adoro todas as fases da personagem e gosto especialmente da maneira lúdica e desavergonhada com que a atriz se lançou nas loucuras da Damáris. É nítido o quanto ela está se divertindo e isso passa para o público que entra na festa com ela. Damáris também caberia num filme de Pedro Almodóvar, já que suas motivações são de fundo dramático. É uma mulher solitária, que perdeu o chão quando o marido a deixou, e sem rumo corre como um trem desgovernado em busca de identidade. E acho que é aí que está a graça da perua: o humor vem da dor de forma quase caricatural. E é simplesmente delicioso de assistir.

Bárbara Ellen também poderia ser uma personagem de Pedro Almodóvar, só que diferente de Damáris não é pautada pela dor e sim pela ambição e pela vaidade. Atriz fracassada e decadente não tem qualquer pudor para conseguir se mantiver na mídia e se tiver que internar a mãe (Fafy Siqueira) num sanatório ou usar os filhos adotivos para aparecer, o fará sem qualquer remorso. Mas mesmo sendo um ser humano deplorável, Bárbara Ellen é irresistível. E a empatia que ela causa no espectador é fruto do ótimo texto, obviamente, mas, principalmente, pela atuação de Giulia. Assim como Marisa a gente vê que ela está amando seu novo trabalho. E, capítulo após capítulo, rouba todas as cenas em que aparece. Adoro muito!

Giulia Gam, Marisa Orth, Letícia Sabatella, Regiane Alves e Deborah Evelyn são as mulheres superpoderosas de Sangue Bom. E rendo homenagens, reverências e agradecimentos por fazer meu início de noite e o meu trabalho muito mais feliz. Gratíssimo!

Fonte: https://migre.me/fg9tA