Touché! A volta por cima

10/08/2008 21:32

Atriz fala pela primeira vez, após a morte da mãe, sobre a superação da perda materna, o trabalho, o filho e o amor

Assim que Giulia Gam, 41 anos, cruzou a entrada do Forte de São João, na Urca, no Rio, não agüentou e falou com lágrimas nos olhos: “Nossa, que emoção pisar aqui de novo”. Praticamente de esgrima na adolescência, a atriz competiu pela primeira vez aos 12 anos no Forte. Ela ainda mantém intimidade com o esporte e facilmente veste o uniforme branco, coloca a máscara protetora e empunha o florete olhando-se no espelho. E foi assim que escolheu fotografar para esta reportagem de Contigo!, na qual fala sobre sua volta à TV depois de dois anos afastada. Nesse período, cuidou da mãe, Ana Daisi, que estava com câncer e faleceu no início de 2007. “Fiquei um ano de luto”, revela a atriz, que faz a Diva em A Favorita. O filho, Theo, 10, do casamento de cinco anos com o jornalista Pedro Bial, 50, foi seu grande parceiro nos piores momentos. Confira a entrevista.

Pronta para a luta

“Comecei com a esgrima aos 7 anos no Clube Pinheiros, em São Paulo. Aos 12 vieram as lutas e minha primeira competição no Forte de São João. Levei o terceiro lugar no Campeonato de Esgrima Sul Americano Juvenil. Eu pratiquei o esporte até os 15 anos e depois abandonei para entrar no teatro. Quero voltar a praticar, mas tenho de conciliar os horários de gravação. Quero ver se coloco Theo na escolinha também, mas vai depender dele.”

Volta ao batente

“No primeiro momento da novela, a Diva morreria, mas é uma personagem de impacto na trama, ela é um poço de mistérios. Meus últimos trabalhos foram uma participação especial em Eterna Magia (2007) e um episódio em Casos e Acasos (2008). Também quero voltar ao teatro com a peça Pedro e o Lobo e vou estrear em outubro no cinema com o filme Guerra dos Rocha. Minha profissão é instável, por isso, quero que dê tudo certo para continuar educando Theo.”

Dor, tristeza e reclusão

“Quando fiz a novela Bang Bang (2005), estava passando por um momento difícil. Minha mãe (Ana Daisi) tinha descoberto havia um ano um tumor na cabeça. Ela morava em Nova York (EUA), nós a trouxemos para cá. Os médicos diziam que ela podia morrer a qualquer momento, mas durou dois anos. Eu me dividia entre novela, mãe e filho. Tinha de ser forte na frente do Theo, para não assustá-lo. Infelizmente ela faleceu no começo de 2007. A mãe é a sua pátria. Fiquei um ano de luto.”

Amor com liberdade

“Há horas em que acho que vou encontrar um amor, em outras, não. Mas não fico procurando ninguém, fui educada a pensar que o amor é uma complementação. Minha independência sempre veio em primeiro lugar. Se estou com alguém, legal, se não estou, ótimo também. Sempre fui free spirit (espírito livre).”

Sinais de romantismo

“Sou independente, mas muito mulherzinha. Adoro carinho e preciso admirar o homem com quem estou. Quando me decepciono, adeus! Na época da doença de minha mãe, eu não tinha energia para estar com alguém, achava injusto. Eu criei um isolamento e recolhimento. Ainda estou saindo desse momento porque foi muito intenso o que vivi.”

Depois da tempestade

“Eu não estou em busca de um amor como se fosse a razão da minha vida. Claro, faz parte, é maravilhoso. Não me fechei para isso, fui consumida. Não cheguei a ficar em depressão e doente porque tinha que estar atenta a tudo. Eu era praticamente uma empresa e também não queria que nada mudasse na vida do meu filho.”

Mulher de poucos homens

“Na linguagem do Theo, eu sou uma ‘pegadora’ (risos). Antes me interessava por homens mais velhos e que não fossem atores, pois eu queria trocar informações. Hoje, não tem mais essa de idade! Esses garotos estão muito interessantes e bancam a energia das mulheres de 40 (risos). Sou discreta em meus relacionamentos, o último que namorei publicamente foi Fábio Penna (10 anos mais novo), em 2005.”

Boa companhia

“Passei da idade de esperar o príncipe encantado. Até os 30 você sonha com ele porque sua vida ainda não está formada. Agora, eu acredito em ter um companheiro, não sei dizer se quero filho ou casamento. Estou feliz de ter tomado conta da minha mãe e de estar com Theo. Quando os problemas aparecem, eu sei: tenho de dar outra volta no carrossel. Então, vamos lá de novo! (risos).”

Crise dos 40

“Meus pensamentos estão voltados para a plenitude, o envelhecimento e a saúde. Às vezes penso: ‘O que vai ser da minha vida? Estou com 41 anos, o que vai ficar?’ Não tenho mais todo o tempo do mundo. Entrar nesta faixa etária não é fácil. Aos poucos estou voltando a malhar em casa. Também tenho muita vontade de diminuir os  seios, sou o contrário de todo mundo, quero usar camiseta sem sutiã (risos). O rosto está dando para segurar, estou indo... (mais risos).”

O maior parceiro

“É difícil mãe falar de filho. Aprendemos com eles a cada fase. É igual a videogame. O Theo está entrando na fase das meninas. Estou tendo de conhecer a mãe das coleguinhas dele (risos). O telefone de casa não pára! Ele é um ‘pré-pré- adolescente’. Dia desses, foi pela primeira vez em uma matinê. Eu fui junto para acompanhar. É claro que ele não me conta tudo, mas enfatizo que estarei sempre a seu lado.”

Mãe conservadora

“Eu sou mulher, mas tenho de fazer os dois papéis em casa: mãe e pai. Em termos de valores, sou conservadora. Primeiro explico, em último caso parto para a autoridade. Ultimamente Theo acha que mãe é aquela que paga mico (risos). Mas à noite ele deita comigo e conversa. Então, pedimos comida japonesa e vemos filme. Quando minha mãe estava doente, ele me perguntou: ‘Você não tem medo de a vovó morrer e ficar muito triste?’ Eu disse que seria estranho e recebi a melhor resposta que uma mãe poderia ter: ‘Você não vai ficar sozinha, tem a mim’.”

Relação delicada

“Minha relação com Pedro (Bial) é oficiosa. Temos um esquema de visitação formalizado. Ainda não consigo ter uma combinação espontânea com ele. A figura do pai é importante e não posso tirar. Na época da separação eu tentava explicar ao Theo (então com 3 anos) tudo o que estava acontecendo. É claro que você tem de encontrar as palavras certas e separar tudo. Uma coisa é o Pedro como pai, outra coisa é a minha história com ele.”

Fonte: Revista Contigo

Arquivo: Bia*

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